“Em 1934, o jovem professor catalão Antoni Benaiges chegou à escola rural de Bañuelos de Bureba, uma pequena aldeia em Burgos. Alguns meses mais tarde, pagou um gramofone e uma prensa de impressão rudimentar do seu próprio bolso. Desde esse primeiro ano, as crianças publicaram as suas emoções, sonhos e pensamentos, e em Janeiro de 1936, publicaram O mar. Visão de crianças que nunca o viram. A brochura "contém, em verso e não em prosa, as expressões das crianças da escola sobre como imaginam o mar, os seus medos e os seus sonhos". Nenhuma das crianças jamais tinha visto o mar. O professor prometeu-lhes que os levaria à Catalunha naquele verão para o verem. A 25 de julho de 1936, Benaiges foi baleado. A peça - o resultado do nosso primeiro encontro como criadores - propõe um dispositivo em que os objetos, o poema e o material documental coexistem sem hierarquias.”
Nesta parceria com o dramaturgo Alberto Conejero Lopes, Xavier Bobés (um artista bem conhecido e apreciado pelo público do fimp - basta lembrarmos Insomnio, em 2015, Cosas que se olvidan fácilmente em 2018 e mais recentemente Corpus) continua sua sistemática investigação em torno dos objetos enquanto portadores de memória e produtores de sentido. El Mar(...) passa-se num mundo que nos poderá parecer distante e, no entanto, tudo existiu a umas poucas centenas de quilómetros há apenas algumas décadas. Um espetáculo imperdível, sobretudo para quem é, foi ou virá a ser professor - ou aluno.
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In 1934, the young Catalan teacher Antoni Benaiges came to the small rural school of Bañuelos de Bureba, a tiny village in Burgos. A few months later, he paid for a gramophone and a rudimentary printing press out of his own pocket. From his very first year, the children published their emotions, thoughts, and dreams. In January 1936, they published El mar: visión de unos niños que no lo han visto nunca (The sea: a vision by children who have never seen it). The booklet “contains, in verse rather than prose, the school children’s expressions of how they imagine the sea, their fears, and their dreams.” None of the children had ever seen the sea. The teacher promised them he would take them to Catalonia that very summer to see it. Benaiges was executed on 25 July 1936. The play – the result of our first encounter as creators – presents a device that allows objects, the poem, and the documentary material to coexist without hierarchies.”
In this partnership with playwright Alberto Conejero Lopes, Xavier Bobés (an artist that is well-known and cherished by fimp aficionados – one need only remember Insomnio (2015), Cosas que se olvidan fácilmente (2018) and more recently Corpus) continues to pursue his systematic research on objects as bearers of memory and producers of meaning. The sea: a vision by children who have never seen it takes place in a world that may seem distant to us, although everything happened just a few hundred miles away just a few decades ago. A show not to be missed, especially for anyone who is, was, or will one day become a teacher – or a student.
