MWENE KONGO “A mulher da meia noite” Renata Torres
28 de Julho / 19h
Uma analogia ao muito propagado conceito de destino, porque se as escolhas que fazemos ditam a nossa sina (?), e se temos todos o mesmo fim, porque não existe uma única forma de desencarnarmos? Porque nunca estamos verdadeiramente preparados para esse momento? O corpo que se apresenta, é um corpo ritualístico. Um portal entre o aqui e o além, possibilitando a passagem de quem parte e acalentando quem fica. Traz uma reflexão sobre a morte-partida e a morte-viva, analisando a perspectiva sobre os dois pontos de vista num ritual de libertação, de aceitação e num processo de autoconhecimento. Mwene-kongo é uma performance sobre o luto, mas principalmente sobre a celebração da vida, sobre os que ficam e seguem nessa aventura que é a vida cujo final é conhecido, mas nem por isso deve ser temido. A mulher da meia-noite, é um espetáculo multi-disciplinar, fazendo uso de linguagens artísticas distintas, mas que se complementam. Em palco, a performance interage com um vídeo conceitual que, levanta suas próprias reflexões e representações. As duas linguagens conversam entre si, mas funcionam também de forma individual. Recorrendo também ao audiovisual, Renata Torres, nos apresenta um monólogo teatral que visa trabalhar a questão do luto e da celebração da vida, um diálogo entre o além vida e o espaço terreno. Vídeo e palco, conversam e interagem, fazendo uma analogia entre o que é o destino e o exercício do livre arbítrio, ressignificando o espaço e usando como referência alguns rituais fúnebres. Os sons (trilha sonora) e as imagens que o corpo oferece, são resultado das memórias afectivas da própria artista, algumas delas muito recentes, com a perda da sua querida mãe. Com a frase "a morte chega para todos, não é preciso invoca-la", Renata Torres, reflecte sobre esse partir para a eternidade, na perspectiva de quem fica e tentando entender também a perspectiva de quem se vai.