No âmbito das suas actividades, o SOS Racismo organiza todos os anos uma Escola de Formação Anual sobre as temáticas relacionadas com o racismo, a discriminação, a diversidade cultural, os direitos humanos e tantas outras matérias conexas. Este ano, a Escola de Formação Anual terá lugar entre 05 e 08 de Dezembro na Tocha, no Concelho de Figueira da Foz. Para além da necessidade e da urgência em contribuir para uma maior qualificação do debate em torno do racismo, a Escola de Formação Anual pretende também contribuir para a formação dos e das nossos/as activistas. Assim, optamos quase sempre por um modelo misto entre a discussão temática na base das experiências militantes e de lutas concretas e o aprofundamento da discussão teórica. Este ano, num eixo triangular como âncora – as diversas formas de racismo institucional, os estudos culturais e o racismo e o colonialismo - queremos abordar o legado de Stuart Hall, o colonialismo português e a necessidade de desconstruir mitos e romper com consensos em torno da sua hipotética e mais que artificial superioridade moral em relação às outras dominações coloniais, discutir o racismo e a cultura, nomeadamente o lugar da linguagem na categorização e classificação racista da humanidade, perceber porquê e como, apesar da derrota militar e “moral” do nazismo, sobrevive a legitimação da “banalização do mal”, exemplificada na sobrevivência do apartheid na ocupação colonial da Palestina à luz dos legados de Hannah Arendt e Rosa Luxemburgo e outros, esmiuçar as fobias racistas vigentes, a islamofobia, a negrofobia e a ciganofobia institucional e analisar a reconfiguração política da Europa à partir dos recentes crescimento e fortalecimento dos neofascismos e da extrema-direita na Europa. Conscientes que a luta anti-racista é apenas uma parte da luta global para uma radical transformação social e política, continuamos empenhados e empenhadas a lutar contra todas as formas de opressão. O modelo de sociedade em que vivemos fez da ideologia cultura. Pois sabemos que machismo, o sexismo, as fobias políticas e culturais (islamofobia, ciganfobia, negrofobia, homofobia) alimentam-se de uma cultura ideológica capitalista. Por estas e muitas outras razões, a edição da Agenda 2015 procura focar a temática da relação do racismo com a cultura. Assim, não nos limitamos a procurar apenas analisar a cultura do racismo, mas também e sobretudo, analisar como o racismo cultural se socorre de outros instrumentos teóricos e políticos para ganhar legitimidade sociológica. A subida da extrema–direita, as cristalizações de todas as fobias (da ciganfobia à negrofobia, passando pelas homofobia e islamofobia) politicamente assumidas, não apenas como temas marginais, mas sim, com cada vez maior centralidade politica no confronto ideológico, a juntar à centralidade da sanha anti imigrante nas politicas europeias, convocam para novas estratégias, novas formas de luta e obrigam a um combate politico pela igualdade que vai para além das receitas tradicionais do antifascismo. Precisamos também de recolocar o enfoque no racismo institucional que, institucional e politicamente, não reconhece às minorias a condição nem a possibilidade de serem sujeitos políticos, portadores de direitos! E é por isso, que não podemos aceitar nem esperar por mais tempos para reivindicar o direito de participação política dos e das imigrantes, nomeadamente o direito de votar e ser eleit@! Todos estes e outros temas estarão em análise e discussão na Tocha. O interesse de cruzar tanto eixos ideológicos como teóricos será, seguramente, também o de poder encontrar a possível continuidade histórica que dai resulta e articulá-la com a visão contemporânea do racismo. Daí, por um lado, a necessidade de revisitar Hall, Arendt, Rosa Luxembugo e tantos outros classicos e, por outro, a urgência de, face ao consenso histórico, dissecar o carácter estruturalmente violento e racista do colonialismo português que o luso-tropicalismo sempre escondeu. PROGRAMA SEXTA-FEIRA, 5 DEZEMBRO 22h - Músicas e andanças SÁBADO, 6 DEZEMBRO 10H - Das margens ao centro do poder, a extrema-direita na reconfiguração do mapa político europeu. 15H - @s cigan@s não querem ir à escola? O Estado não os deixa? 17H - Racismo e Cultura ao longo da História 21H30 - The Stuart Hall Project 23h - Musicas e Andanças DOMINGO, 7 DEZEMBRO 10H - O legado de Stuar Hall 15h - Israel/Palestina, entre a sobrevivência do apartheid e a banalização do mal 17h - Colonialismo português, desfazer os mitos e descolonizar a descolonização 21h30 - A "Lapónia" - os Samis da Lapónia colonial, perifiérica, europeia 23h - Musicas e Andanças SEGUNDA-FEIRA, 8 DEZEMBRO 10H - Assembleia Geral PREÇO: 75 € (inclui alimentação, estadia e transporte - o valor pode ser pago de forma faseada) Para inscrições, enviar pedido por mail para sosracismo@gmail.com (Lisboa) ou sosracismoporto@gmail.com (Porto)