Na próxima quinta-feira, dia 25 de maio, às 18h00, realiza-se no RÓMULO – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, a palestra intitulada “Em busca de Buracos Negros Gigantes no início do Universo”, com José Afonso (IA, FCUL), e moderação de Sonia Antón. Sessão pertencente à edição especial “Novas janelas para o Universo”, inserida no ciclo de divulgação científica "Ciência no RÓMULO", iniciativa do RÓMULO - Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra, destinada ao público em geral interessado em cultura científica. Com participação livre e gratuita, não é necessária inscrição. _________________________________ Resumo: A existência de “galáxias ativas” luminosas, que brilham devido à queda de material para um buraco negro gigantesco no seu centro, está hoje demonstrada até distâncias correspondentes ao primeiro milhar de milhão de anos da história do Universo. Modelos teóricos sugerem a existência de tais buracos negros supermassivos em épocas ainda anteriores, mais próximas do Big Bang, muitos dos quais possivelmente detectáveis em rádio-frequências. Se identificados, tais sistemas revelarão finalmente as fases iniciais da evolução de galáxias e buracos negros. Mais ainda, permitirão o estudo direto da evolução do gás na chamada Época de Reionização do Universo, quando as primeiras fontes de luz apareceram, através de observações com o futuro Square Kilometre Array. Apesar do enorme interesse na descoberta destas galáxias extremas, todos os esforços têm sido essencialmente infrutíferos. Contudo, nos últimos anos, a entrada em funcionamento dos chamados percursores-SKA permitiu começar a explorar estas primeiras fases da evolução do Universo com redobrada expectativa. Descreverei alguns destes esforços, recorrendo a algumas das observações mais profundas do Universo e a novas ferramentas estatísticas para a identificação dos primeiros buracos negros supermassivos rádio-luminosos no Universo. Discutirei ainda como as estratégias que resultam destes trabalhos serão aplicadas em breve aos maiores levantamentos do céu, e como a coordenação entre os telescópios mais poderosos da atualidade (MeerKAT, ASKAP, VLT, ALMA, JWST) abrirá caminho para uma abordagem ainda mais ambiciosa na era SKA-ELT. _____________________________ Breve nota biográfica: José Afonso é investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. Estudou formação e evolução de galáxias no Imperial College de Londres, onde se doutorou, no Space Telescope Science Institute (EUA), Australia Telescope National Facility e no Onsala Space Observatory (Suécia). Coordenou o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa entre 2011 e 2015, tendo ajudado a fundar o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, que coordenou entre 2015 e 2021, e preside à Sociedade Portuguesa de Astronomia desde Janeiro de 2023. Atualmente procura detectar e estudar os primeiros buracos negros no Universo, participando no desenvolvimento de alguns dos instrumentos e levantamentos astronómicos mais ambiciosos dos próximos anos: é co-responsável pelo espectrógrafo MOONS, a instalar no Very Large Telescope, do ESO, em 2024, que ajudará a compreender a ligação entre as galáxias e os buracos negros supermassivos que frequentemente albergam; lidera o Key Science Project “Radio AGN in the Epoch of Reionization” do levantamento Evolutionary Map of the Universe, a ser atualmente realizado pelo rádio-telescópio ASKAP, um percursor do futuro Square Kilometre Array. É ainda o responsável pela participação nacional no desenvolvimento do instrumento WFI para o futuro telescópio de Raios- X Athena, da ESA, que será lançado em meados da próxima década e ajudará a perceber a natureza dos buracos negros primordiais. Gosta de divulgar as maravilhas da Astronomia e despertar novas mentes para a Ciência.
Atividade cofinanciada pelo projeto MAIS CIÊNCIA | CENTRO2020 FSE - CENTRO-08-5864-FSE-000034
