Clube de Cinema Caminhos
"Erupção Vulcânica dos Capelinhos, Ilha do Faial - Açores" de Raquel Soeiro de Brito (1958, Documentário, Portugal, 34', M/12)
Raquel Soeiro de Brito (Elvas, 1925) não chamaria cinema aos seus filmes de estudo e registo de práticas e mudanças humanas, naturais e geológicas. Mas é de cinema que se trata, porque de uma mediação, através da câmara, de paisagens sociais e morfológicas, depois traduzidas em ensaios, compreensão e estudos. Ao longo de mais de uma década, a pioneira do cinema geográfico, acompanhou transformações em territórios distintos, religando populações e paisagens, para compreender, depois, como podiam ser interpretadas as adaptações geográficas e sociais das comunidades. No Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), da Cinemateca Portuguesa ‐ Museu do Cinema, estão depositados catorze títulos, realizados entre 1958 e 1973, cada um correspondente a uma missão oficial que contribuiu para o conhecimento dos territórios, de quem lá vive e de um país político que acreditava ser maior do que os limites geográficos. Primeira mulher doutorada em geografia em Portugal, em 1955, com a tese “A Ilha de S. Miguel. Estudo geográfico”, tinha 30 anos quando o vulcão dos Capelinhos, na ilha do Faial, acordou e provocou um dos maiores acidentes naturais da história contemporânea nacional. Integrada na equipa do geógrafo Orlando Ribeiro, que havia chegado à ilha uma semana depois do início da erupção, haveria de assinar ERUPÇÃO VULCÂNICA DOS CAPELINHOS, ILHA DO FAIAL – AÇORES (1958), que guarda imagens da atividade vulcânica que se estendeu ao longo de mais de um ano. Feito com meios inéditos para a investigação científica, esses registos são, ainda hoje, essenciais para o estudo da vulcanologia e das alterações geográficas da ilha. (Cinemateca Portuguesa)
Musicado por BE.AT.S (Beatriz Bandeirinha) Comentado por João Luís Fernandes
