Violante tinha 30 anos e seu crime era ser judia. Rosa casou-se pela segunda vez e foi por isso condenada. A Freira Clara foi proibida, para sempre, de falar. Brites tinha apenas 13 anos. Mesmo depois de morta, os ossos de Antónia foram desenterrados e queimados. Estas são algumas das mulheres condenadas pelo Tribunal do Santo Ofício de Coimbra. Instalada durante o reinado de D. João III, a Inquisição perseguiu, violentou e torturou mulheres frequentemente punidas pela prática de judaísmo, blasfémias, heresias, feitiçaria e bruxaria, mas também por comportamentos considerados desviantes e, portanto, emancipatórios (caso das leituras proibidas, da bigamia ou da sodomia). Assim como não há história muda, não há arquivo mudo: Violante, Rosa, Clara, Brites e Antónia não são uma ficção. “Autos sem fé” é uma leitura participativa a partir da pesquisa no Arquivo Nacional da Torre do Tombo em busca dos processos de mulheres inquiridas. A performance também pretende assinalar a extinção do Tribunal do Santo Ofício, a 31 de março de 1821.
FICHA TÉCNICA
coprodução TAGV + 23 Milhas
direção artística e científica do projeto Elizama Almeida & Mafalda Lalanda
acompanhamento artístico Frederico Pompeu, Lília Lopes Rodolfo Freitas e Tomás Toste
acompanhamento científico Clara Pereira, Julia Barandier e Joana Passi (grupo de estudos Lacuna PUC-RIO)
residência de coprodução Laboratório das Artes do Teatro Vista Alegre em Ílhavo (23 Milhas)
parceiros MATLIT LAB – Laboratório de Humanidades (Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra)
leitura participada 90' M/12 gratuito local - na calçada exterior, junto do Teatro Vista Alegre
Mediante inscrição para mediação.23milhas@cm-ilhavo.pt