21:30 até às 22:45
O Meu Nariz é Árabe

O Meu Nariz é Árabe

Ao passar junto de uma vide, esta arrebatou-lhe o manto. Indignado, o passante pergunta-lhe por que razão o odiava ela tão veementemente. Ao que ela lhe respondeu: já que os teus ossos se abeberam do meu sangue, porque passas por mim e não me cumprimentas? Este diálogo não existe, nunca existiu, tal como o tempo histórico em que, porventura, pudesse ter existido também não existe. Aliás, nada existe, porque nada resistiu à narrativa ditada pela “voz” apostólica-romana dos vendedores. E, no entanto, eles, os “outros”, andaram por cá durante mais de meio milénio. Se há um buraco negro na nossa memória coletiva, ele abre-se no preciso período de dominação árabe do território a que hoje nomeamos de Portugal. O homem que passa é Al-Mu’Tamid e o sangue da vide, personificado, é um dos elementos centrais da sua obra poética. Al-Mu’Tamid nasceu em Beja, em 1040, no seio de uma família da nobreza moura, ilustrada, como o eram as elites árabes do chamado Al Andaluz. Com apenas 13 anos encabeçou um cerco militar à cidade de Silves, tendo-lhe sido atribuído o cargo de governador daquele importante porto fluvial algarvio. É em Silves que conhece e que se deixa "enamorar” por outro dos principais poetas e pensadores do espaço hispano-árabe: Ibn’Ammar. Com a morte de seu pai, Al-Mu’Tamid assume o trono do reino taifa de Sevilha, entregando a governança de Silves ao seu “especial” amigo. Ibn’Ammar acabará por ser requisitado para a corte de Sevilha, mas a sua extrema ambição e o ciúme doentio que nutria pela esposa favorita do rei, Itimad, levaria a que o próprio AlMu’Tamid o acusasse de traição e o tivesse massacrado à cutelada com as suas próprias mãos. A poesia e a vida de Al-Mu’Tamid foi isso mesmo: extrema intensidade, paixão arrebatada, contemplação sensual e sensorial, desmedido apego aos “bons vícios” da vida, ao amor, por vezes orgíaco e até bissexual, ao álcool e às noites sem fim. É muito interessante e revelador o pensamento tolerante e aberto destes maometanos que habitaram a Península Ibérica, nomeadamente no O MEU NARIZ É ÁRABE.

M/6 | Auditório | 5€

Ficha artística:

Bateria Raúl Salcedo

Guitarrista Luis Bravo

Flautas Miguel Ángel Sánchez

Voz e flautas Pedro Antonio Sáchez Bouzouki Pedro Mario López

Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android