O ator Rui vai interpretar São Francisco de Assis num espetáculo dirigido pelo encenador Marco Paiva onde se pretende explorar as contradições do tardo capitalismo e desconstruir as teses neoliberais dialogando com a vida e exemplo do fundador da ordem dos franciscanos. Como método de preparação para a criação do papel, o encenador ter-lhe-á sugerido que fizesse uma peregrinação.
O espetáculo decorre do quilómetro mil duzentos e dois ao quilómetro mil duzentos e cinco. O ator, equipado com os melhores gadgets e apetrechos concebidos para ajudar o caminhante profissional, tem já os pés em chagas e todo o seu corpo reclama descanso. Mas, na berma da estrada onde agora se encontra, tudo parece começar a pedir rendição. O ator Rui vai-se desfazendo dos seus pertences, deitando e distribuindo os gadgets e apetrechos para caminhar mais leve. Para poder até voltar a caminhar. E, depois de se ir apercebendo da leveza com que se vai erguendo depois de se desapossar das suas tralhas, apercebe-se que está, finalmente, pronto para falar aos bichos.
Marco Paiva encenação, Adriano Nazareth realização para a RTP, Marta Bernardes e Rui Pina Coelho textos, Terra Amarela e RTP produção, Bárbara Pollastri e Rui Fonseca elenco, Tiago Gonçalves assistência de encenação, Nuno Samora desenho de luz, Paulo Pimenta cenografia, Nuno Samora figurinos, Worten Digitópia Collective música original, Terra Amarela produção, RTP coprodução