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Cântico de agradecimento oferecido à divindade por um convalescente

Cântico de agradecimento oferecido à divindade por um convalescente

Erroneamente traduzido por O Cravo Bem Temperado [visto a palavra alemã “clavier”, no título original Das wohltemperierte Clavier, ser um termo genérico para “teclado”], foi escrito por Johann Sebastian Bach em 1722, “para o proveito e uso dos jovens músicos desejosos de aprender e, especialmente, para o entretenimento daqueles já experientes com esse estudo”.

À época Kappellmeister da Corte de Anhalt-Köthen, Bach escreveu 24 conjuntos de prelúdio e fuga, correspondentes a uma das 24 tonalidades maiores e menores. Entre 1739 e 1742, retomaria o mesmo propósito formal, elaborando um 2º livro. Os 4 prelúdios do 1º livro foram adaptados para ensemble instrumental por Nuno Côrte-Real, em 2008. O VII, de intrincado contraponto floreado, com um tema que percorre as diversas vozes, con- trasta com o X, assente numa melodia sinuosamente dolente que se vai metamorfoseando. Galante, mas conciso, ao prelúdio XVII sucede-se o Prelúdio XXIII, um diálogo virtuoso entre as vozes instrumentais.

Ao mesmo tempo que concluía a Missa Solemnis (1819-23) e a 9ª Sinfonia (1822-24), Beethoven iniciou a composição de 3 quartetos de cordas (op. 127, 132 e 130) em meados de 1823, encomenda do príncipe Nikolai Galitzin, aos quais viria a acrescentar mais 2 (op. 131 e 135), genericamente conhecidos como os “últimos quartetos”, pedra angular da música de câmara da Música Ocidental.

Beethoven encontrava-se totalmente surdo e acometido de achaques crónicos, herança do tifo que contraíra em 1796, e da cirrose pós-hepática que viria a revelar-se fatal. Após uma crise aguda, no Inverno de 1824, acrescentou um Cântico de agradecimento oferecido à divindade por um convalescente, ao quarteto que estava a compor. O longuíssimo 3º andamento do Quarteto de Cordas nº 15, op. 132, que viria a ser estreado a 6 de novembro de 1825, consta de dois temas: molto adagio, devotamente solene; e andante, em jeito de romanza para violino.

J. S. Bach (1685 – 1750)
4 Prelúdios do Primeiro Livro do Cravo Bem Temperado (arr. Nuno Côrte-Real)

L. van Beethoven (1770 – 1827)
Quarteto de Cordas nº 15,em Lá menor, op. 132

“Há dois anos que vivemos suspensos, num tempo suspenso. Tempo dissonante, ruidoso, pontuado pelo irritante ostinato do coronavírus. Ainda que persistam algumas interrogações, cremos ter chegado àquele momento que em música se chama o «ataque», momento mágico, expectante, pleno de pro- messas, em que as mãos do pianista, estáticas, tensas, prontas, se preparam para inaugurar um novo tempo, o tempo encantado da arte musical. É tempo de renascer. Para nós, chegou o tempo da Fénix, a ave ancestral e mítica que, renascendo das próprias cinzas, marca o início de um novo ciclo. Que voe alto e magnífica no azul vasto dos céus, são os nossos votos. Que a grande Arte nos possa sanar das implacáveis dissonâncias da Natureza. Para isso trabalhamos. 2022 será o ano em que Shlomo Mintz, um dos maiores violinistas do nosso tempo, visitará Portugal para interpretar o maravilhoso Concerto para Violino e Orquestra de Beethoven, acompanhado pela Madrid Soloists Chamber Orchestra, dirigida por Nuno Côrte-Real; serão três concertos, em Lisboa, Torres Vedras e, pela primeira vez na Temporada Darcos, na Casa da Música no Porto. Mas 2022 verá também renascer uma nova e original versão do bailado A Sagração da Primavera, de Stravinski, protagonizada pela Vortice Dance Company e pelos seus coreógrafos Cláudia Martins e Rafael Carriço. Também no Porto, e na mesma Casa da Música, vindo de Lyon, irá apresentar-se um dos mais conceituados ensembles franceses de música contemporânea, o Ensemble Orquestral Contemporain, com o seu diretor musical, Bruno Mantovani, destacado maestro e compositor, num intercâmbio musical que integra a Temporada Cruzada Portugal-França. O ano de 2022 traz ainda uma nova parceria com a Universidade de Lisboa, intitulada Música na Universidade, uma série de concertos de câmara e sinfónicos em espaços de rara beleza e muita história, como o Anfiteatro Chimico (Museu Nacional de História Natural e da Ciência) ou a Aula Magna da Reitoria. De Espanha, com o perfume surrealista do genial pintor Salvador Dalí, será apresentada a ópera de câmara La Vida Secreta, com música de Nuno Côrte-Real, libreto da escritora, tradutora e poeta, Martha Asunción Alonso, e encenação de Carlos Antunes, numa coprodução entre a Temporada Darcos e o Festival Little Opera, de Zamora; nessa cidade espanhola, à beira-Douro plantada, será ainda lançado um novo CD, música ligeiramente surreal onde o real sonoro será sonoramente irreal… O Ensemble Darcos continuará em 2022, a sua viagem de excelência por caminhos tão vários como Mahler, Bach, Stravinski ou Dvořák, sempre com apresentações que desafiam os críticos mais exigentes, pela sua extraordinária qualidade e empenho emocional. É tempo de renascer, das nossas cinzas e dos nossos medos, de voar novamente e continuar a luta por um futuro global sustentável e pacífico. Tentaremos que a Música, arte por excelência do indizível, possa nesta 15ª edição da Temporada Darcos, dizer o mais possível. Queremos dizer tudo sem usar uma palavra. Gritar a esperança em modo mudo.” Nuno Côrte-Real "A Temporada Darcos expressa-se num programa artístico que repousa num projecto cultural agregador, ancorado numa visão singular sobre o papel das artes e da cultura no pleno desenvolvimento sustentável das comunidades.Em 2022, num movimento assumidamente centrífugo de (re)encontro, a constelação de territórios tocados pela Temporada Darcos expande-se. O conceito de fronteiras é resignificado e, em lugar de constituírem barreiras, que acentuam a fragmentação e a insularidade, convertem-se em pontos de contacto. Sob a égide da aproximação, ligações virtuosas tecem uma rede policêntrica com instituições e colectivos de perfil, geografia e escala diversas, aprofundando a cidadania cultural. Sob o signo da cooperação, ensaia-se uma ecologia de práticas colaborativas que, incorporando conhecimento e competências, aportam inovação aos diversos actores institucionais envolvidos. Nascem, assim, co-produções entrecruzando aspirações, intenções e mutualizando recursos.A Temporada, na sua dimensão de processo, fecunda relações dialógicas entre diferentes referentes, códigos e universos estéticos. A desocultação do património artístico universal, onde avultam obras-primas da humanidade, é propiciadora do exaltante prazer da descoberta que se reforça no confronto com a criação nova.Na sua 15ª edição, a Temporada Darcos promove uma verdadeira celebração das artes e da cultura, transportando um imaginário sedutoramente feérico e um horizonte de utopia propulsor de futuros livres e de novos caminhos progressistas." Ana Umbelino, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Torres Vedras

Fonte: http://www.cm-tvedras.pt/agenda/detalhes/127083
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