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Exposição 'Do que a terra dá' - Georges Dussaud

Exposição "Do que a terra dá" - Georges Dussaud

Em 1950, no seu livro Portugal, Miguel Torga descrevia Trás-os-Montes como um território “de terra grossa, fragosa, bravia”, feita de “léguas e léguas de chão raivoso, contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve”, e questionava-se se seria esta região capaz de produzir alimento, se seria este solo agreste realmente “capaz de dar pão e vinho”.

A necessidade de sustento daqueles que, há muitas gerações, nele trabalham, que nele cultivam, daqueles cuja pulsão do dia-a-dia impele, a cada nova estação do ano, a semear para colher, não só fizeram dela uma terra de pão e vinho, mas também de batata, castanha, azeite ou cortiça, como a transformaram na “própria generosidade ao natural”, como aqui atestam as imagens de Georges Dussaud.
Na amálgama de distintos tempos, contextos e geografias que agora se apresentam, onde o trabalho da terra é tema comum, há em cada fotografia de Georges Dussaud um ver honesto e uma verdade que se querem revelar.
Há homens que lavram a terra, mulheres que ceifam o trigo, famílias inteiras, de corpos curvados, que apanham castanhas ou batatas, jornaleiros que sobem a custo os íngremes socalcos das vinhas do Douro, há pastores e rebanhos que palmilham montes e vales em busca daquilo que a terra generosamente lhes oferece, há hortas fartas e olivais, juntas de bois e tratores, como há refeições improvisadas nos intervalos curtos que cada dura jornada consente.
Entre o documental e a poesia, cada fotografia é, aqui, a confirmação e o resultado de incontáveis jornadas e deambulações realizadas por Georges Dussaud ao longo dos últimos quarenta anos, sobretudo em Trás-os-Montes, mas também no Douro, no Minho ou no Alentejo.
Recuperando o caráter social da fotografia, a presente exposição reúne, a partir da coleção do Centro de Fotografia Georges Dussaud, uma centena de imagens que o fotógrafo realizou entre 1980 e 2016, pondo em evidência o quotidiano de muitas aldeias transmontanas, lugares onde o tempo corre devagar e as alfaias arcaicas, como os saberes tradicionais, coabitam ainda com a mais recente tecnologia.
No seu conjunto, e não obstante a distância temporal que as separa, sobressai, sobretudo, o apreço por aqueles que cultivam estas terras para satisfazer as suas necessidades de consumo, mas em plena concertação com a natureza.

Curadoria: Jorge da Costa
Produção: Município de Bragança
Centro de Fotografia Georges Dussaud

Folha de sala Georges Dussaud - Do que a terra dá

Fonte: https://www.cm-braganca.pt/visitar/agenda-de-eventos/evento/exposicao-do-que-a-terra-da-georges-dussaud
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