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Black
Art Jazz Collective

Black Art Jazz Collective

GUIMARÃES JAZZ | 30 ANOS

Sendo ojazz uma criação distintamente negra, seria de esperar que em pleno século XXI,ou seja, num mundo pós-migratório e pós-colonial e, finalmente, de novomultipolar, o reconhecimento do decisivo (ou, mais explicitamente, fundacional)contributo afro-americano para a formação do cânone da música popular dosúltimos cem anos fosse uma evidência. Por várias razões, entre elas certamentevestígios do abuso de posição predominante por parte da cultura clássicaeuropeia e pela arrogância intrínseca dos seus arautos, mas também por motivosde aproveitamento mediático e ideológico, em anos mais recentes têm sidoinúmeros os projetos de “celebração” das raízes negras do jazz.Independentemente das considerações de teor cultural ou sociológico quepossamos fazer sobre este fenómeno, é certo que as diferenças de qualidadeentre eles vão variando em função da qualidade dos seus intérpretes e dahonestidade dos seus objetivos. O Black Art Jazz Collective, cofundado em 2012pelo saxofonista Wayne Escoffery, pelo trompetista Jeremy Pelt e pelo bateristaJonathan Blake, todos eles instrumentistas credenciados do circuito jazzísticonova-iorquino das últimas duas décadas e cúmplices em colaborações com grandesnomes do jazz como Ron Carter ou Wayne Shorter, enquadra-se no grupo daquelesque o fazem com pertinência e integridade. Esta banda destaca-se sobretudo pelasobreposição de narrativas musicais e políticas, homenageando através do poderevocativo do jazz não apenas a herança artística mas também o lastro de resistênciapolítica inscrito no património genético da música de raiz afro-americana.Nesse sentido, e tal como os próprios membros do grupo o afirmam, este projetochama a si os princípios éticos e estéticos de ensembles seminais do passado,desde logo e com evidente acuidade os lendários Jazz Messengers de Art Blakey.

Além de Escoffery, Pelt e Blake, todos eles músicos com formação avançada em jazz e todos eles também cidadão adotivos de Nova Iorque, cidade onde chegaram sensivelmente pela mesma altura com o objetivo de singrar no meio jazzístico, o Black Art Jazz Collective é atualmente composto pelo trombonista James Burton III, o pianista Victor Gould, o contrabaixista Rashaan Carter e o baterista Mark Whitfield Jr. Estamos, portanto, a falar de um conjunto de instrumentistas de inegável competência técnica e que têm consolidado o seu percurso do jazz através da aprendizagem com alguns dos nomes maiores deste género como Wallace Roney, Joe Lovano, Kenny Barron ou Bobby Hutcherson. Ao contrário do que muitas vezes (demasiadas) acontece na música contemporânea, este grupo não se dedica à revisitação do reportório canónico do jazz, embora isso pontualmente aconteça nos seus registos discográficos e atuações ao vivo. É, portanto, no espírito das composições originais dos músicos do grupo que se encontram as reminiscências e as invocações do espantoso legado da cultura de raiz negra, que, nas suas diferentes expressões (não apenas o jazz e o blues, mas também o hip-hop, o soul, o funk, entre outros subgéneros) constitui sem dúvida o mais valioso de toda a música ocidental do século XX.

Fonte: http://www.ccvf.pt//detail-eventos/20211119-black-art-jazz-collective/
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