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Contra o
Paradigma Estético do Antroposupremoceno

Contra o Paradigma Estético do Antroposupremoceno

Maya KÓVSKAYA (Univ. de Chiang Mai)

Moderador: Gonçalo Santos (CIAS / Sci-Tech Asia / Universidade de Coimbra)

Paradigmas estéticos constituem poder uma vez que eles racionalizam e legitimam, normalizam e naturalizam certas maneiras de ver e ser, saber e valorizar. O termo Antropoceno foi originalmente concebido como uma referência neutra ao recente envolvimento destrutivo e sem precedentes da humanidade na rede da vida. O prefixo “Anthropos” tem sido justamente criticado por representar a humanidade como um agente coletivo de destruição ecológica homogeneizado e universal. Termos alternativos, incluindo Capitaloceno, Plantationoceno, Chthuluceno, etc., sublinham a diversidade de fatores casuais, agentes responsáveis, e períodos de emergência. O meu conceito do Antroposupremoceno é “remendado” (patchy) e refere-se ao paradigma estético historicamente específico dominante do “Antropos” como “Mestre da Natureza”. O Antroposupremacismo envolve uma abjeção ontologicamente-constitutiva do animal em relação ao humano, e uma negação do valor intrínseco do mundo mais-do-que-humano e de seres e entidades não-humanas. A lógica desta negação radical tem sido amplamente aplicada para classificar uma miríade de humanos relegados a categorias hierárquicas, dualistas, de género, e racializadas de “Natureza” desumanizada e codificada como “menos-do-que-humana”. O Antroposupremoceno moldou o mundo moderno através de processos macropolíticos de colonialismo genocida e capitalismo ecocida que estão na origem das perigosas condições ambientais que estão na origem do termo “Antropoceno.”.

O prefixo Antropos não é um descritor neutro de uma humanidade que partilha a responsabilidade como espécie pela ruptura dos sistemas de suporte da vida na Terra que está a causar a Sexta Extinção em Massa. Em vez disso, o Antropos exemplifica a visão universalizante da “humanidade” que Sylvia Wynter brilhantemente caracterizou como a “super-representação do Homem”, em que um “género de humano” particular reivindica supremacia universal sob todos os outros seres. Para confrontar e remediar este dano, que ameaça a nossa espécie e uma miríade de outras formas de vida, nós precisamos urgentemente de desmantelar este paradigma estético – para “perturbar” o domínio reivindicado do Antropos, descolonizar relações, fazer reparações, devolver terras roubadas, e desfazer a Antroposupremacia ao mesmo tempo que o racismo sistémico e a misoginia que lhe subjazem. A arte oferece um espaço para destruir a doxa da modalidade dominante de ser humano, e imaginar e aplicar modos não odiosos, não binários, não dualistas, não-específicos de espécie de ser humana e forjar solidariedades multiespécie genuinamente intersecionais – rejeitando o paradigma estético subjacente que separa a humanidade dela própria e do mundo natural, e trabalhando juntos para recuperar, estender, ou reimaginar visões não tóxicas de como ser humano num mundo mais-do-que-humano organizado à volta de princípios de mutualismo, simbiose, respeito, reparação, reciprocidade, “resposta/responsabilidade”, e regeneração.

Parque
Horário: 17:00 (UTC + 1, Hora de Lisboa)
A sessão será em Inglês
Evento online, de acesso gratuito, com inscrição obrigatória através deste link

Fonte: https://www.serralves.pt/atividades-serralves/2111-contra-o-paradigma-estetico-do-antroposupremoceno-19-nov/
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