Teatro Rivoli 6 de Outubro PROUST NO CINEMA (nos 150 anos do nascimento do escritor) 2 obras-primas. Sessões especiais. 18h15 A CATIVA (2000) de Chantal Akerman Cópia 35mm 21h O TEMPO REENCONTRADO (1999) de Raúl Ruiz Cópia digital restaurada Os filmes serão apresentados pelo produtor Paulo Branco Bilhetes: 4 euros Este ano celebramos os 150 anos do nascimento de Marcel Proust, um dos maiores escritores da língua francesa, precursor do romance contemporâneo. Foi sempre um grande desafio adaptar a sua obra ao cinema, e vários realizadores dedicaram anos a fio a essa tarefa. Para uns acabaria por ser inglória e não conseguiram realizá-la (Joseph Losey tentou durante vários anos fazer a Recherche, com Harold Pinter a escrever o argumento, sem nunca o conseguir; ou Visconti), e outros falharam redondamente (Volker Schlöndorff na adaptação de Um Amor de Swann). Mas duas adaptações são verdadeiras obras-primas: A Cativa, adaptação de A Prisioneira por Chantal Akerman (considerada uma das obras maiores da realizadora) e o avassalador O Tempo Reencontrado, de Raúl Ruiz, porventura o mais proustiano dos cineastas. Os dois filmes foram produzidos por Paulo Branco, que irá apresentá-los ao Teatro Rivoli no dia 6 de Outubro. A CATIVA La Captive Um filme de Chantal Akerman com Stanislas Merhar, Sylvie Testud, Aurore Clément França, Bélgica, 2000 | cópia 35 mm | 118 min | M/12 Festival de Cannes 2000 – Quinzena dos Realizadores A Cativa, adaptação (no filme lê-se “inspirado em”) aos nossos dias de A Prisioneira (quinto volume de Em Busca do Tempo Perdido), de Marcel Proust, com argumento de Chantal Akerman e de Eric de Kuyper, é uma das obras-primas da realizadora. Numa entrevista, Akerman afirmava que, quando o leu e viu aqueles corredores, aqueles quartos, pensou: este livro foi feito para o meu cinema. “Vejam o cartaz de A Cativa, vejam aquele homem estendido na sua banheira e aquela mulher nua por detrás do vidro, intimidade pura e simplicidade do dispositivo cinematográfico. Todo o génio de Akerman está aqui, a grande arte da deslocação, nesta forma de se apropriar do tema proustiano, e de o reinventar plasticamente, num gesto de cinema que nada tem a ver com cultura. Chantal estava orgulhosa deste filme, tão orgulhosa de mostrar que a modernidade de Proust se conciliava tão bem com a sua, que era a mesma, “meu irmão”, dizia ela. E como ela tinha razão…” Frédéric Bonnaud, director da Cinemateca Francesa O TEMPO REENCONTRADO Le Temps retrouvé Um filme de Raúl Ruiz com Catherine Deneuve, Emmanuelle Béart, Vincent Perez, John Malkovich, Pascal Gregory, Marcello Mazzarella, Marie-France Pisier, Chiara Mastroianni, Arielle Dombasle, Elsa Zylberstein França, Itália, Portugal, 1999 | Cópia digital restaurada | 162 minutos | M/12 Festival de Cannes – Selecção Oficial em Competição Os últimos dias de Marcel Proust no seu pequeno apartamento da rua Hamelin. As fotografias que o acompanham no leito de morte estão sobre a mesa de cabeceira e reavivam-lhe a memória. Um milhão de histórias passadas voltam, alternando as alegrias perdidas da sua infância com os tempos difíceis da guerra e as suas mais recentes aventuras sociais e literárias. A sua vida, a sua obra e as personagens fundem-se com a ficção que, pouco a pouco, domina a realidade. “Segundo a famosa frase que diz que podemos reler Proust até ao infinito porque nunca passamos dos mesmos extractos, Ruiz concebeu o seu filme como um rico folheado de imagens e de personagens, de objectos e de sons, que desaparecem para voltarem ainda melhores, sob novas formas, mas finalmente reconhecíveis. Cada plano contém uma multitude de signos e de sinais, em primeiro e segundo-plano, que permitem ligar de uns para os outros as diferentes personagens, tempos e lugares.” Frédéric Bonnaud, Les Inrockuptibles