Dia 16 de Outubro temos a felicidade de ter connosco um dos quartetos de cordas portugueses mais promissores da atualidade. Vencedores do 1o prémio na modalidade de música de câmara do Prémio Jovens Músicos 2019, apresentam-se no Teatro Lethes em Faro dia 16 de Outubro às 21h e trazem um programa com música de Freitas Branco e Franz Schubert. O Quarteto Tejo é composto por: Violino I - André Gaio Pereira Violino II - Tomás Soares Viola - Sofia Sousa Silva Violoncelo - Beatriz Raimundo Luís de Freitas Branco (1890-1955) Quarteto de Cordas (1911) I. Moderato II. Vivo III. Lento IV. Animato Luís de Freitas Branco está para o modernismo musical português como Fernando Pessoa está para o modernismo literário. Oriundo de uma família importante, à qual pertenceu Marquês de Pombal, Freitas Branco teve uma educação musical muito rica, começando a compor desde tenra idade. O Quarteto de Cordas, o único por ele escrito, foi concebido em 1911 e revela claras influências da música impressionista francesa de Ravel e Debussy, sons que tanto atraíam o jovem compositor português. A forma da obra é difícil de definir devido à sua peculiaridade. O primeiro andamento divide-se em duas secções, sons que são movimento, água e ar e melodias com um toque tradicional. O Scherzo é curto e conciso, apresentado numa linguagem um tanto ou quanto irónica. É quase sem se dar conta que começa o Lento com a viola como protagonista. Um início brusco e cromático transforma-se numa melodia recorrente, muito plástica, descobrindo uma tela coberta de diferentes cores e sensações. Como andamento mais longo e, de certa forma, pilar da obra está o quarto andamento. Este final é sem dúvida inovador na sua forma, composto por muitas secções contrastantes que se entrelaçam naturalmente. O material musical é tradicional na sua origem, uma dança em tempo composto (ou seja, não regular) que inicia o andamento e fecha o quarteto de modo grandioso e súbito, à imagem do quarteto de Debussy. Franz Schubert (1797-1828) Quarteto de Cordas em Ré menor, D.810, “A Morte e a Donzela” I. Allegro II. Andante con moto III. Scherzo: Allegro molto IV. Presto A curta vida de Franz Schubert foi repleta de música do início ao fim. Instruído no básico da arte musical pelo seu pai e pelo seu irmão mais velho, Schubert tocou piano, violino e órgão, tendo também cantado desde muito jovem. Com um talento que o faia destacar-se dos demais, por volta de 1820 Schubert ganhava já um salário proveniente das suas composições. Foi também nesta altura que começou a frequentar as Schubertiades, um evento privado onde participavam artistas e estudantes para tocar a música do compositor. No entanto, a partir de 1823 Schubert começou a sofrer uma série de dificuldades, a mais relevante das quais a doença, que se estima ter sido sífilis. Apesar disso, a música de Schubert nunca parou, tendo o compositor aumentado o seu catálogo à medida que a doença se agravava. Apesar da música de câmara de Schubert ser muito relevante no mundo actual, Schubert pouco se dedicou a este género entre a sua adolescência e o início da década de 1820 - neste período dedicou- se sobretudo à canção e aperfeiçoar a sua técnica composicional. Contudo, ao amadurecer, Schubert encontrou no quarteto de cordas um meio para casar o seu lirismo com as intenções dramáticas e contrastantes que esta formação permite. “A Morte e a Donzela” é um dos pilares do repertório da música de câmara e foi escrito em 1824. Nesta obra, Schubert fez o que muitos grandes compositores fazem e pediu emprestado a si próprio: o título do quarteto provém do tema do segundo andamento, retirado da canção "Der Tod und das Mädchen". Ao longo de toda a peça o tema é apresentado em diferentes variações, mas a atmosfera geral é de turbulência, angústia e explosão. Eram este os sentimentos que ocupavam a alma e mente do compositor, sabendo que não lhe restava muito tempo de vida. Contudo, como é hábito no universo Schubertiano, há sempre espaço para momentos de reflexão e viagem a um paraíso sonoro e distante, uma réstia de esperança que o ocupava. Bilhetes: €6