"Casas de Brasileiro: um registo de afetos" de Júlio Matos O meu primeiro contacto com Casas de Brasileiro, e a primeira casa que fotografei neste projeto foi O Palacete da D. Chica, fica perto da minha terra natal, Braga. Era opinião na época de ser de um gosto duvidoso novo-rico. Eu povoava-o com cavaleiros e personagens míticas. Este projeto fotográfico levantou-me alguns problemas conceptuais. Será a Arquitetura fotografável? Ou apenas documentável, ou apropriável pela fotografia? A fotografia de arquitetura, subordina o objeto arquitetónico a uma imagem. Quando um fotógrafo impõe a sua visão/compreensão a um objeto arquitetónico, apropria-se dele. A Arquitetura não é fotografável! A emoção do espaço provocada pela relação espaço-tempo materializada em múltiplos, infinitos percursos, não existe fora desse espaço. O percurso arquitetónico é a forma de compreender a Arquitetura. A visualização da ausência é uma forma de sobrevivência: imaginamos o que a fotografia não consegue mostrar. A Fotografia e a Arquitetura partilham diversas intenções, plano, volumes, distâncias, e antes de tudo a Luz. A Luz é a matéria em movimento, é o tempo. Fotografar é segmentar o tempo na superfície do registo. Nessa impossibilidade de registar a essência, resta-nos um retrato que alia a forma á expressividade. O conhecimento e os sentires: a fotografia é antes de tudo um olhar. A cor neste corpo de imagens, intui uma evocação, em tons de um pretérito. País imaginário e ficcional, evocando os trópicos. A erosão ou a boa conservação das casas reforça essa impressão. A ficção é apenas a síntese e o sentido que agora lhe damos. A Casa de Brasileiro é antes de tudo uma lição de afetos. - Júlio de Matos Exposição patente no Museu de Lamego, integrada da segunda edição do Ciclo de Fotografia de Lamego e Vale do Varosa 2021. Transmissão direta: LIVE do facebook ZOOM Entrar na reunião Zoom https://us06web.zoom.us/j/82224169783... ID da reunião: 822 2416 9783 Senha de acesso: 426158 NOTA BIOGRÁFICA Desde que me lembro, a fotografia construiu-me, e tornou-se a minha janela privilegiada para “Ver” o Mundo... Participei no Industrial Design Workshop 74 com Gerald Gulotta do Pratt Institute de Brooklyn, NY, USA. Em 1976 licenciei-me em Arquitectura pela ESBAP/UP. Fui bolseiro Fulbright pelo ITT International Fellowship Scholarship Program, para estudos de pós-graduação MFA in Photography as a Fine Art, RIT - Rochester Institute of Technology, USA, 1979/81. 1980/81 Graduate Assistant em History of Aestetics of Photography. Fundei o Curso Superior de Fotografia na Cooperativa de Ensino Superior Artístico Árvore, Porto, 1982. Membro de diversos júris de fotografia. Comissariei exposições e instalações. Expus na Europa, Ásia, América do Norte e Sul. Presente em Colecções Nacionais e Internacionais. Diversas Publicações e Livros. Projectos recentes: Ta Prahom, A Memória do Mundo; Porta do Paraíso - Manikarnika Ghat; Fading Hutongs; Casas de Brasileiro; Flat Water; Y Deolinda Correa se murrio de sede; Journey to Santa Fe, Crónicas de Ronci”. E em 2018 “Caminho que Somos”. Nestes tempos que hão de perdurar na História, a Fotografia vive... www.juliodematos.com