A Margarida Guia, actriz, cantora, espalhadora de versos, pessoa inesquecível que se queria rodear de outras pessoas e construir em colectivo formas de estar e de nos expressarmos tão avessas ao cinzentismo e às violências deste mundo em que vivemos, a Margarida, que desde o início da Casa da Achada, apesar de viver em Bruxelas, nos acompanhou em sessões, oficinas, espectáculos de rua, kantatas, visitando-nos sempre que podia, a Margarida, tão nova e com tanto ainda por fazer e tantos versos por dizer, morreu no outro dia e ninguém quer acreditar. Nesta sessão de escuta OUVIDO DE TÍSICO vamos ouvir dois trabalhos da Margarida. Primeiro, um disco que gravou caseiramente em 2006, «Partitions poétiques», com seis temas em que dá voz às suas próprias palavras e às de outros autores (Samuel Beckett, Mário Dionísio, Xavier Durringer, Michel Bulteau, Luís de Camões). Em seguida, ouviremos a gravação da improvisação que fez com João Paulo Esteves da Silva (ao piano) em torno da poesia de Mário Dionísio, numa sessão «Direis que não é poesia» no aniversário da Casa da Achada em 2019.
