A exposição apresenta um conjunto de obras inéditas de Nuno Sousa Vieira as quais, à semelhança de outros trabalhos do artista encontram ponto de partida na fábrica desativada Simala, onde está localizado o seu ateliê.
Sobre a exposição Oculto comenta a curadora Isabella Lenzi que o espaço expositivo é uma vez mais transposto no que antes foi um lugar de culto. Neste âmbito, segundo ela, as peças pensadas materializam-se como índices do corpo do artista e do ambiente industrial em que foram geradas. Ao mesmo tempo, revelam um olhar atento à arquitectura, à escala e às pistas e marcas do passado sacro da pequena capela. Carregadas de uma estranha presença pela ausência, sugerem um híbrido entre o espiritual, o mundano e o fabril”. Isabella também chama atenção para a abordagem interrogativa e reflexiva suscitada pela intervenção a respeito dos significados sociais, económicos, políticos e culturais associados à ideia de trabalho. A tal propósito, e partindo da asserção de Max Weber de que o trabalho dignifica o homem, refere a curadora que “seguimos acreditando na promessa de que ele nos libertará de muitos males —ou ao menos o que podemos consumir a partir dele. Hoje somos o que fazemos e o que possuímos e, se há bastante tempo já vivemos esta realidade, no contexto da pandemia da covid-19, para os que ainda têm trabalho e meios económicos e tecnológicos, o trabalho penetrou mais do que nunca em todas as instâncias da nossa vida e no nosso espaço íntimo e privado. Se o nível de precariedade da actividade criativa e artística já era gritante, atualmente, quais os limites entre o espaço e o tempo do trabalho e do ócio? Entre o produtivo, o artístico e o espiritual?.
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