Para os mais puristas, o mundo da música de dança deveria resumir-se a um cenário de white-labels estampados à mão e artistas anónimos com pouco que dizer sobre coisa alguma e vivendo as suas vidas apenas entre a cabine e o estúdio. É por isso que é bom existirem personagens como Seth Troxler neste mundo. A sua postura irónica e descomprometida, às vezes satírica, para com o “negócio” da música de dança, revela-nos um artista que, por mais perto que se encontre do estatuto de DJ-celebridade ou à beira da aceitação no mainstream, nunca deixa de ser um “outsider”, um miúdo grande que pergunta “porque é que está tudo tão sério?”, mas no entanto, nunca perde ele próprio noção do que é mais importante e fulcral nisto tudo : comprar discos; estar numa cabine. Para lá dos vídeos e fotos em diversos estados de nudez, das picardias online e das viagens imaginadas ao “bat country”, há poucos DJs como Troxler, anos e anos seguidos no top 5 da RA ganhos com a sua substância, fluidez e capacidade de ler uma pista. E é nesses momentos que o verdadeiro Troxler, aquele a quem até os puristas têm de dar um aceno de aprovação, surge. Porque para Troxler, a pista será sempre como a amante de quem nunca se conseguirá afastar, aquela que, não importa o que aconteça, nos bons e nos maus momentos, vai acabar por estar lá sempre para ele, pois só ele a entende assim. Ouçamos a declaração de amor feita som, de Seth Troxler. - Nuno Mendonça
