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ONE NIGHT IN CÓMEME TOUR 2014 com MATIAS AGUAYO | ANA HELDER | ALEJANDRO PAZ

ONE NIGHT IN CÓMEME TOUR 2014 com MATIAS AGUAYO | ANA HELDER | ALEJANDRO PAZ

Cómeme

O nome sugestivo é desmistificado (ou talvez não) pela própria editora: Cómeme é um corpo que se dá. É a união de lunáticos do ritmo. É a materialização da ficção da noite em realidade.
Nasceu da mente de Matias Aguayo, cresceu da junção de vários alinhados a esta existência, espalhou-se, infiltrou-se na consciência colectiva. Une dois mundos que talvez tenham mais em comum agora do que sempre tiveram: a América Latina e a Europa. Cómeme é Santiago do Chile, mas também é Berlim. É Medellín, mas também é Colónia. É Valparaíso, mas também é Londres. E, desde a fundação em 2009, é uma valente lufada de ar fresco numa cruzada contra fórmulas. Sob a sua alçada, encontramos o psicadelismo alternativo e a roçar o cómico de Rebolledo, lado a lado com as novas visões electro de Alejandro Paz ou o techno cru e desregrado de Barnt, cortados pelas quase “naïve” composições de Ana Helder.  E de mera editora transformou-se em festas itinerantes e em rádio online, sempre pronta a contagiar mais alguém.
De Aguayo, vem a ideia que a música se processa a um nível físico. Façamos como ele: entreguemo-nos à Cómeme.

Matías Aguayo

Podem conhecê-lo como o homem que cantou que “já bastava de minimal”, e que o fez (ironicamente?) na gigante alemã Kompakt. Volvidos 6 anos, Matías continua a ser o oposto duma abordagem minimal à música de dança. Se reclamava groove, é groove que injecta nas suas pistas e nos seus discos. Se reclamava atitude, é com atitude marcada que se apresenta. E se reclamava que queria dançar, dança é o que nos trás! 
Apresentando-se como alguém que sempre saiu para dançar, e não para socializar, Aguayo apresenta uma mistura arrebatadora de ritmos bem dispostos, vozes despreocupadas, instrumentos improváveis e épocas díspares. O seu trabalho como DJ parece uma inevitável extensão do trabalho de estúdio (ou será o inverso, questionamos?), num ecletismo e à vontade inegáveis. Não só acerta e escolhe discos, ainda se mune de um microfone para cantar e interagir connosco – porque, afinal, é tão parte da festa como nós, e a voz humana é uma das suas armas de eleição. 
A bagagem que trás consigo é notória: já foi Zimt, com Michael Mayer, já foi Closer Musik, com Dirk Leyers, e fundou a sua própria Cómeme, a par da “posição” que tem na família Kompakt. Pedra basilar de um colectivo de artistas movido pela autonomia de pré-concepções, Matías Aguayo encontrou na música uma maneira de manter viva a sua criança interior.  Da inocência, o prazer. Para nós todos.


Ana Helder 

Um bom mistério aguça a curiosidade. Inquieta-nos. Deixa-nos na busca, apenas para atingirmos o sossego quando deslindado. E Ana Helder é assim. Um mistério latino-americano.
Ana refere como influências de jovem tanto Spice Girls como Prodigy e não tem vergonha em admitir que os seus contactos com o House de Chicago e o Techno de Detroit se fizeram via… Youtube. As maravilhas da Internet parecem ter sido essenciais para a formação da jovem argentina, que se embrenhou mais tarde a nível local com as festas em Buenos Aires. Daí a Matías Aguayo lhe pedir para editar uma das suas produções, foi um instante. 
Munida de uma atitude “faça você mesmo”, juntou influências dos mais variados sectores para compor música caracterizada por uma certa qualidade “naïve” à qual não podemos ficar indiferentes. Tudo isto podemos encontrar nos seus 3 EPs, lançados na própria Cómeme e na Astro Lab Recordings, onde tanto nos apresenta pedaços de guitarra colados com batidas esquizofrénicas, como alia os mais clássicos sons do House com samples inusitados e melodias que parecem ter sido coloridas fora das linhas. Esta irreverência é patente nas suas escolhas para fazer incandescer as pistas, com o Techno, o House, hits Pop dos anos 80 ou remisturas obscuras para faixas bem conhecidas a entrançarem-se sem embaraço.
Muito mais não se sabe de Ana Helder e também não é preciso saber. O mistério está próximo de ser desfeito: é só escutar.

Alejandro Paz

Com apenas dois anos de actividade, Alejandro Paz já provocou mais alvoroço do que talvez alguma vez ele próprio tenha imaginado. Depois de se estabelecer em 2012 na Cómeme com uma série de edições, o passo seguinte foi dominar o mundo. Bem, provavelmente ainda não, mas se continuar a este ritmo, para lá caminha. 
Com fortes reminiscências do House de Chicago, transmutado numa apresentação de sintetizadores mais marcados, estridentes e até a pontos obscuros, o novato chileno faz do ritmo um labirinto onde é imperativo perdermo-nos. Remisturador notável (de Auntie Flo a DJs Pareja), abraça também a veia de DJ com a mesma despretensão dos colegas de editora, mas nem por isso esta é traduzida em banalidade. Post Punk, EBM e Industrial são tudo raízes para Alejandro, que vai deixando transparecer laivos destas influências no seu trabalho. Saltitando um pouco por todo o lado, desde aparições no Boiler Room às festas Off Sonar, e agenciado pela própria Kompakt, assegura que a música de dança é muito mais que o hedonismo óbvio: tem tudo a ver com o club e um ideal de uma comunidade inclusiva que proporciona, a quem dela comunga, liberdade. Foi assim que baptizou um EP, “Free”, e é com este lema que chega a Santa Apolónia: há mais para além do óbvio. Talvez afinal Alejandro Paz não queira dominar o mundo: apenas libertá-lo.

- Inês Duarte
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