FUCK BUTTONS

Dois estudantes de arte encontram-se. O primeiro - Andrew Hung – dado à electrónica experimental, precisava de fazer a banda sonora para o seu filme, o segundo - Benjamin Power – com um passado no punk hardcore, aceitou ser o seu par na tarefa.
A génese dos Fuck Buttons resume tudo o que vem depois: precisão e caos, melodia e barulho, método e loucura, um pé dentro da música de dança e outro fora, em territórios que vão da música experimental ao pós-rock.

Talvez por isso seja tão fácil evocar o psicadelismo quando falamos deles. Porque o psicadelismo só aparentemente é feito de caos. Quando usamos uma lupa e espreitamos lá para dentro encontramos muitas vezes a precisão aritmética dos fractais, a repetição infinita de padrões que só à primeira vista (leia-se para este efeito audição) estão desorganizados. É – será sempre – preciso tempo para chegar lá, para deixar a música crescer e formar-se diante de nós e é certamente esse um dos principais motivos para tantas vezes os seus temas serem longos como o são também muitos e tão celebrados "hits" de pista.

A singularidade dos Fuck Buttons é partilhada por outros ilustres com ADN compatível; Andrew Weatherall, que produziu o seu segundo longa duração "Surf Solar" e lhes remixou a imponente “Sweet Love for Planet Earth”; Caribou; Fever Ray (The Knife), para quem eles próprios fizeram remixes. O denominador comum é sempre o mesmo: música com demasiadas influências para se deixar espartilhar nas gavetas dos estilos, que numa loja de discos poderíamos encontrar em diferentes prateleiras, sob diferentes designações, sem que nunca quem a comprasse sentisse que tinha sido enganado.
Quem estiver frente ao palco do Lux quando os Fuck Buttons se fizerem ouvir só poderá ter uma certeza, a de que um concerto é sempre uma surpresa. No fim, uns dirão techno, outros dirão rock, outros não se importarão com isso.
Todos estarão certos.