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ROBERT HOOD

ROBERT HOOD

Teorias recentes delineadas por musicólogos defendem que a repetição é um factor fundamental na forma como o som e a música exercem a sua magia sobre os nossos cérebros. É a música a tratar o cérebro como um instrumento, no fim de contas. Não sabemos se algum destes musicólogos pediu opinião a Robert Hood. Supomos que não, pois se assim fosse, já teriam publicado tais teorias há duas décadas.

Sim, é de Rob Hood e da sua vinda ao Lux que falamos, talvez o produtor e DJ mais habilitado que existe para falar da magia da repetitividade, um dos verdadeiros originais de Detroit, ex-membro da Underground Resistance, ex-parceiro de Jeff Mills na Axis e, acima de tudo, o indisputado “Presidente da Minimal Nation”. Ele sabe tudo sobre a repetição e o seu poder. Sabe, por exemplo, que essa é a verdadeira chave e essência do techno minimal, não apenas o uso de “poucos elementos na música”, não as versões diluídas e falhas de emoçao e narrativa de meados dos 00s. É a repetição, e a alma, que nunca deixa de se sentir mesmo atrás de verdadeiros vendavais de “machine funk” da sua autoria como Internal Empire ou Minimal Nation.

Há 20 anos que através de EPs e álbuns históricos, quase todos lançados na sua própria M-Plant e como Robert Hood ou Floorplan (além de outros pseudónimos), que ele é a tradução em música da simbólica e poderosa imagem tão vista em filmes ou fotografias, de uma flor a nascer solitária no entulho de uma qualquer paisagem pós apocalíptica. Um farol guiando-nos com cultura, espiritualidade, humildade e respeito, assinalando a esperança em algo melhor mesmo no meio das mais desesperadas circunstâncias como aquelas em que cresceu na sua Detroit natal. Robert Hood é, verdadeiramente, uma instituição pilar do techno, erigida numa quantidade esmagadora de clássicos cujos títulos encheriam parágrafos, com um som agreste, normalmente impiedoso e por vezes brutal mas que nunca esqueceu o groove do jazz, funk e soul da Motown ou do disco-sound, destilando os seus elementos essenciais e aplicando-os a uma estrutura kraftwerkiana acelerada à velocidade do som e amplificada para competir com os decibéis emitidos por qualquer linha de produção automóvel, com resultados a que os nossos pés não conseguem resistir.

Assim mesmo o comprovaremos nesta tão ansiada vinda de Robert Hood ao Lux. Um momento de colectiva exclamação de “Finalmente!” dos últimos tempos no que a convidados na sua cabine diz respeito. E chega-nos em excelente momento de forma, admitidamente inspirado pela sua mudança de Detroit para o Alabama (estado fundamental nas lutas anti-racismo nos EUA) e uma reforçada espiritualidade religiosa. A mensagem? O futuro nunca pode ser construído sem olhar para o passado, e nunca é feito por sorte ou acaso, mas sim construido pelas nossas escolhas. Pela sua parte, Robert Hood vai continuar a ser engenheiro desse futuro, como desde há 20 anos. Vislumbrem o futuro, agora.
 - Nuno Mendonça
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