Aos 15 anos, estava certa que o seu caminho era ser futebolista profissional, mas foi pela música que conquistou o mundo – mesmo antes de completar 25. Maya Jane Coles percorreu um longo caminho desde a sua aversão adolescente às batidas quadradas e, por conseguinte, à House Music. Crescendo em Londres embrenhada a fundo em toda a cena Trip Hop e Dubstep, foi apenas quando começou a procurar pistas para a dança fora do seu circuito habitual que abriu os ouvidos (e a mente) às novas possibilidades House e Techno, e ainda bem que o fez. Consolidadas já as experiências na composição, apontou baterias a este novo universo com algumas tímidas, porém consistentes, edições iniciais. A timidez foi obrigada a desaparecer quando Franck Roger assina pela Real Tone Records o primeiro grande hit de Maya: “What They Say”. A jovem londrina viu a sua criação invadir as malas de discos até dos mais improváveis DJs, que se renderam a uma reinterpretação muito própria da sonoridade clássica americana tantas vezes associada a produtores como Mark Kinchen. O que se seguiu foi a ascenção global de Maya Jane Coles não só como produtora mas também como DJ. Já com um estatuto de quase culto, fez seguir “What They Say” com edições na Hypercolour, 20:20 Vision ou Mobilee, com remisturas para nomes tão distintos e consideráveis como Tom Middleton, Little Dragon, Maceo Plex e Tricky, e ainda fez reunir para o álbum de estreia, Comfort, na sua própria editora I/AM/ME outros tantos como Kim Ann Foxman ou Miss Kittin. Ritmos incisivos a deixar no ar um sabor a urbanidade, aliados a um trabalho de corte e costura sónico onde linhas de baixo que fazem do subgrave a sua bandeira não a deixam mentir acerca das suas origens (também) inglesas: é este o seu carimbo no estúdio que podemos encontrar, por extensão, na mala de discos. Mas Maya sabe que não só de um truque se compõe uma noite, e a prová-lo está a aclamação cada vez maior que recebe para o seu trabalho enquanto DJ, seja com Richie Hawtin a chamá-la para as prestigiadas festas Enter, seja com a Rolling Stone a escolher a sua “Essential Mix” como uma das melhores “dj mixes” de 2013. Capaz de inflamar pistas com as faixas mais surpreendentes, podemos ter perdido um astro dentro das quatro linhas, mas ganhámo-lo concerteza no que toca a fazer-nos dançar. Vamos a jogo com Maya Jane Coles. - Inês Duarte
