23:45 até às 06:00
BODDIKA | TRIKK

BODDIKA | TRIKK

Olhamos para Boddika e fica a ideia que tem ar de quem podia perfeitamente ser uma personagem de um filme de gangsters britânico à semelhança de “Snatch”. Um tipo de aspecto duro e vagamente intimidatório mas com uma sensibilidade capaz de o fazer chorar ao ver cachorrinhos e com um sentido de humor bizarro mas irresistível. Depois ouvimos a música que faz e toca e chegamos à conclusão que assenta perfeitamente na primeira impressão. Correspondência total.

Foi no entanto de forma perfeitamente honesta e trabalhadora que Alexander Green chegou ao topo da cadeira alimentar da electrónica britânica. E não duvidem, ele está mesmo no vértice superior dessa cadeia. Os mais atentos poderão lembrar-se que ele foi metade da dupla Instra:Mental, que com dBridge ou Loefah, entre outros, re-inventaram o drum n bass há cerca de 10 anos, com epicentro no chamado som “Autonomic” da label do mesmo nome. Depois da dissoluçao da dupla, Boddika entreteve-se a criar um muito característico híbrido de electro Drexciyano, techno de Detroit, acid e house que arrebatou pistas em Inglaterra em faixas como Acid Jackson e Boddika´s House (e se calhar este é único nome que se pode dar ao que ele faz : o house de Boddika) até aos seus dois “grandes golpes” que o tornaram numa figura tutelar do pós-dubstep no UK : a sua label NonPlus e a sua colaboraçao com Joy Orbison. Tentar descrever a que soam e o que são estes trabalhos não é fácil, tal o emaranhado de referências. Mas pelos nomes e resultados atingidos dá para perceber que é coisa de meter respeito. A NonPlus, além de editar o próprio Boddika, já albergou nomes como Four Tet, Actress, Kassem Mosse, Scuba ou Skudge. Quanto ao trabalho com Joy O (e, ocasionalmente, Pearson Sound), foi anunciado com a infernal Swims, que pôs pistas a ordenar “walk for me!” um ano antes mesmo de ser lançada e concentrou-se em disputadíssimas edições na editora especialmente criada para o efeito, a Sunklo. Mercy, Froth, Dun Dun e agora In Here, são conglomerados de avalanches de kicks brutos e malignos, baixos gordurosos e escorregadios, ao barulho com quebras angelicais e loops de vozes sensuais, sem qualquer respeito por regras convencionais de construção ou métrica da música de dança “normal”. No papel, parece estranho, mas na pista, é um pandemónio. Pandemónio só igualado pela rapidez com que os seus discos esgotam nas lojas e originam ferozes leilões no Discogs.

Mas deixemos de lado estas frenéticas disputas virtuais. O Lux dá-nos a hipótese de viver e dançar o pandemónio ao vivo. É de esperar um DJ capaz de passar de Afrika Bambaata a DJ Funk, de Radioactve Man a Underground Resistance. Capaz de fazer o antigo soar como se fosse feito ontem, e as novidades soarem a clássicos instantâneos. Sem artifícios. Sem hesitações. Sem piedade. Como ele diz, “tudo o que parece demasiado produzido não tem interesse nenhum para mim”.
- Nuno Mendonça
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android