Phantasy. Esta é a editora que tem aquecido o globo com música de dança, mas não só. A inteligência e apostas fora do formato de pista fazem da editora de Erol Alkan uma bandeira criativa, batida a ritmos audazes. Logo, Erol Alkan e Phantasy são indissociáveis os dois, o mestre e a obra, pela qualidade e peso de ouro com que se revestiram de nomes como Daniel Avery, Ghost Culture, Connan Mockasin, Babe Terror e Future Four. Fantasia é, por isso, poder juntar nada mais nada menos do que metade destes artistas, numa noite de espíritos irrequietos. Alkan encabeça esta Phantasy night, pautada por uma electrónica mordaz, onde Daniel Avery trará – seguramente – notas do recriado minimalismo com que desenhou “Drone Logic”, lançado em Outubro do ano passado; deixando largas para o crescendo de Ghost Culture, cujos motes club track trouxeram as melhores reviews ao EP mais recente “Giudecca/Half Open”, já deste ano. Deixem-se levar: esta noite damo-nos à fantasia, à nossa e à deles. Erol Alkan é um tipo ocupado. Ocupou-se, aliás, por quase uma década entre toneladas de remixes, re-edits, mashups e outras releases que soube sacudir em nome próprio ou entre as colaborações que lhe são mais conhecidas – como Switch e Boys Noize. É de estranhar, então, que até 2013 não tenha visto luz um álbum seu e apenas seu, bem para além de todos os outros que acompanha e produz através da sua editora. Pois a luz teve, sim, o seu dia e chegou-nos no passado Dezembro “Illumination”, um EP de 3 faixas sob o cunho de um dos DJs e produtores mais reconhecidos e influentes da actualidade, com história que não se resume a club tracks, mas ao completo domínio a que assistiremos em pista. Daniel Avery é um pupilo ávido. Não se formatando em estilos ou conotações, traz na sua estreia com “Drone Logic” uma sua interpretação dos espectros da música electrónica, o que o leva cirurgicamente das pontas mais inflamadas às mais introspectivas, com construções sólidas e aguçadas para o ouvido. Sob linhas de house e techno intercaladas com pautas de voz e outras de experimentalismo tecnológico, temos aqui um trabalho desconcertante, para uma noite marcada por boas descobertas. Ghost Culture é um pouco do que promete ser: “névoa londrina”, ainda em formação, mas que se sente bem a instalar – com força, até às linhas baixas. Aliás, o seu mais recente EP é tão forte, que não parece vindo do jovem que é, mas sim de alguém com uma maturidade maior, para poder circular entre baselines que evocam Drexiya, ou sonoridades que chegam a laivos de Depeche Mode. “Mouth” tem os sintetizadores certos e o arrojo para aquecer timbres mais analógicos. Vozes e drum machines para brincar, dão ainda mais ritmo à release que deixa apenas adivinhar que há algo de muito bom a nascer aqui, prestes a erguer-se com um dos grandes – muito em breve. - Ana Sofia Castanho
