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ANDREW WEATHERALL B2B IVAN SMAGGHE

ANDREW WEATHERALL B2B IVAN SMAGGHE

É inevitável dizê-lo, por isso vamos já arrumar o assunto: Andrew Weatherall e Ivan Smagghe são duas lendas vivas da música de dança. Assim, sem tirar nem pôr. Tê-los juntos é perigoso, é deliciosamente perigoso, porque são dois DJs que andam nisto ao seu ritmo e à sua medida. Não-alinhados. Inconformados. E é daqui que vem o perigo: o perigo de as nossas fundações musicais serem abanadas e os nossos horizontes irremediavelmente alargados. 

Numa recente emissão para a internet, decidiram entrar numa espécie de cantar ao desafio versão DJ: o objectivo era tentar tocar sempre um disco mais estranho que o último do parceiro. E embora uma brincadeira deste género não se reflicta necessariamente naquilo que fazem perante um público de carne e osso, diz-nos muito do à vontade dos dois, seja com os seus discos, seja um com o outro. De passados distintos, encontraram terreno comum nas suas maneiras de encarar a música. Com humor, adianta Weatherall, que em adolescente se viu obrigado a esconder álbuns dos Sex Pistols debaixo da cama, para fugir à proibição dos pais ao punk. Entrou para a história ao fazer parte do primordial movimento Acid House no Reino Unido, e continuou por aí fora. Associar-se com outros não é novidade, ele que já o fez para projectos como The Sabres of Paradise e Two Lone Swordsmen, e produziu e remisturou incontáveis artistas, de Björk a DJ Harvey e Toddla T & Roots Manuva. Arriscamos que a sua colecção de discos seja infindável e talvez ande mesmo lá perto, mas por vezes duas colecções quasi-infindáveis podem ser melhores que apenas uma. E é aqui que Ivan Smagghe chega, qual cara metade numa dupla que se completa mutuamente. Com Arnaud Rebotini, foi Blackstrobe, duo que ajudou a revolucionar o House quando o embebeu em influências punk e EBM, fazendo-o saltar para um lado mais gritante, mais sujo e menos formatado, transformando-se em Electroclash. «Enfant Terrible» foi a alcunha ganha, ou não fossem a sua peculiar personalidade e franqueza musical uma constante da energia de qualquer festa onde se inclui. E há mais de uma década que se dedica à label Kill The DJ, onde podemos encontrar edições desde Roman Flugel até In Flagranti. 

Partilham mais que fartos e cuidados bigodes e discos improváveis. Partilham a cumplicidade de quem tira um imenso gozo em fazer os outros dançar, encarando cada pedaço de música como uma peça única de uma maior e global visão para uma noite. Não adianta tentar restringi-los: eles não são Techno, ou House, ou batidas quebradas ou mesmo guitarras a soarem livres. São acima de rótulos: são Música. E quanto a lendas, bem, estas podemos conferir na pista de dança. É que ao vivo é bem melhor que nas histórias.
 - Inês Duarte
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