21:30
B Fachada

B Fachada

Bilhetes à venda no Teatro Diogo Bernardes - 2,00€.

Maiores de 6 anos.

B Fachada é um autor e intérprete que já não precisará de grandes apresentações, dono de uma discografia já muito considerável e aclamada, é uma das figuras cimeiras da canção lusófona contemporânea. Cumpriu em 2013 um ano sabático, descansando da produção de discos e dos concertos ao vivo, após o ritmo fulgurante de 2 edições por ano e estrada incessante de lés a lés do país, que o impôs como uma das vozes mais ouvidas e seguidas da sua geração. Regressou aos concertos no último dia 24 de Abril, apresentando-se entre os músicos que assinalaram na Praça do Comércio, em Lisboa, os 40 anos do 25 de Abril. No dia seguinte, juntamente com Francisca Cortesão e João Correia, esteve no Lux, também na capital portuguesa, a tocar 'Os Sobreviventes' de Sérgio Godinho. Mais concertos se seguiram e novas canções entusiasmaram os fãs, sucedendo este Verão o lançamento de novo disco homónimo, 'B Fachada', disponível exclusivamente em formato digital no seu Bandcamp, Actualmente o cantor e compositor considera o Bandcamp a plataforma ideal para a gestão do seu património. Recentemente, escreveu a seguinte carta aos seus subscritores:
"Vai agora fazer 3 anos que fiz a minha página de bandcamp e, ao longo deste tempo, ela tem tido um papel fundamental no meu trabalho; não só pude finalmente relacionar-me com quem me empresta os ouvidos sem outro intermediário que não a música em si, como o próprio comércio (não há como fugir-lhe) dos discos se tornou um processo mais saudável, direto e reconfortante. A música agora é livre em todas as frentes e eu com ela. Pode ser ouvida por todos, nem é preciso pedir licença, e todos os que a ouviram me ajudaram (estamos agora a atingir o meio milhão de audições); os discos podem ser descarregados por quem tiver muita vontade de chegar mais perto, de pôr-me a mão no ombro, e por cada disco que compraram eu recebi uma simpática mensagem do bandcamp e, muitas vezes, uma ainda mais simpática mensagem do próprio comprador: por cada disco! Quem diria que o digital podia trazer saúde a esta indústria desumanizada?
Obrigado a todos os que ajudaram, a todos os que ouviram e a todos os que lá foram passar uma vista de olhos. É muito difícil voltar a acreditar que a música deve existir num objeto de plástico: esta existência no éter parece até ajustar-se melhor à própria natureza da Canção. 
Abusem dos discos. Nunca a música foi mais nossa; esperam-nos muitas canções, sem intermediários, sem complicações e sem segredos: tudo à mostra para ser ouvido e partilhado, e este vosso amigo (e não outro) sempre do outro lado da linha, a ler-vos os cumprimentos e a seguir-vos o rasto".

PERFIL BIOGRAFICO
Há alguns anos ninguém lhe sabia o nome, mas B Fachada, (Queluz, 1984), já se torna claro para muita gente (mesmo que não unânime – como sempre, com os grandes) que é o maior escritor de canções português da sua geração. Desde João Peste ou Variações que não havia esta vibrância e frescura que só quem canta com a verdade na voz consegue comunicar, ainda mais potente pelo deserto temporal e artístico que separa a década de 80 a 2010 neste campo de actividade artística. O seu poder resulta, acima de tudo, como nos maiores da história da canção Ocidental moderna e contemporânea, de uma leitura de crítica e lucidez de ímpeto inquebrantável. Bernardo Fachada diz-nos que “há o cuidado de não substituir uma convenção por outra. Destruir sem fazer, sem ser moralista”. Aprendeu-o com a arte pop. “Basta documentar as convenções que elas fazem o trabalho por si (…), como se fosse um mundo sem cura”. Entende que o mesmo aconteceu com os surrealistas e os modernistas, a que ciclicamente seguem sempre “os gajos que só querem sobreviver”. Será este o tempo de uma reacção colectiva na nossa terra? Esta visão incisiva das coisas só é possível aos intertextuais, e o percurso de aprendizagens do Bernardo é de facto raro e precoce a uma série de níveis. Cresceu com a música que o pai trazia para casa. Lembra 1985 como o ano em que lhe chegaram montanhas de discos vindos do Brasil, e que com eles trouxeram a educação musical da sua infância. Apanhar com Toquinho, Paralamas do Sucesso, Tom Waits, Leo Jaime, Gentle Giant, Nina Simone ou os Specials como dieta auditiva aos 4-5 anos tinha que dar mossa benigna. Convenhamos que não é habitual que um rapaz que aos 9 anos (!) já sentisse que começava a ter noções de evolução das formas e do contemporâneo. Após esse processo, foi com os CDs de Cohen, Dylan, ‘Graceland’ de Simon & Garfunkel e os Talking Heads que foi levado até à pós-puberdade, época em que, com ‘Os Entre e os Contraentes’ de Alberto Pimenta, mais tarde o professor mais marcante que teve, começou, como diz, “a ler a sério”. Esta educação rodeada pelas artes foi acompanhada por um percurso de estudo de 12 anos em formação musical e vários instrumentos, que arranca no violino, passa para o piano, acabando no final da sua adolescência no Hot Clube, aos 18. Nunca teve a embaraçosa banda de covers, e passou directamente para os ensaios de originais de garagem. Diz: “comecei a fazer objectos com forma de músicas”, “piadas privadas de grupo que começaram a ficar universais”, gradualmente, algum tempo após ter começado a estudar e tocar bossa nova. Mas a revelação de que ia ser músico, que “não é profissão de sonho, mas sim a que [lhe] calhou”, só acontece quando “encontra o som”, o seu – o único que importa, claro. Conseguiu, inesperadamente, aglutinar “o destino e feitio, questões emocionais e sociais, que coincidiram todas numa só actividade”. O brio e rasgo de B Fachada, fácil de ouvir para o cidadão treinado, vem da forma como se relaciona de maneira pensada e vivida com o idioma. A sua ligação e interacção com Portugal “vem através da língua, que me obriga a trabalhar a sua estrutura (...), sendo que o trabalho parte de estudar a métrica, cagar redondilhas, etc.” Da música portuguesa com que cresceu, de Zeca Afonso, aos Mler Ife Dada até aos Pop Dell’ Arte, tem noção que atravessou uma época em que houve uma quebra grande na pertinência da produção nacional que surgiu no entretanto, sendo que também “não tinha havido nada de especial antes”. Diz que pensa “muito sobre limites”, questionando-se da existência de uma praga, que convenhamos é secular e nacional, do porquê de haver “culturas que parecem produzir gajos que encaramos como sendo de um nível inacessível”. A persistência em perseguir por um lugar no nosso quintal nunca foi um objectivo, e a conclusão que tiramos é que só lhe terá dado mais fome de existir, desta maneira que agora lhe ouvimos. Acha que devíamos ter 50% de músicas portuguesas a passar na rádio, e não 5%, sendo que ao mesmo tempo não encara de todo esta questão como uma de quotas, mas sim de qualidade – uma qualidade “não individual mas colectiva”, que cá, devido à quase completa ausência de massa critica, é trabalhada de forma “ridícula”. A obra de B Fachada, que já tem várias coisas notáveis, e um potencial assustador de bom, vive destas leituras e de uma crítica, que faltava à canção nacional, que permanece das maneiras mais vitais, naturais e poderosas de comunicação. Que quase tenhamos esquecido esta função da música em Portugal, é só mais uma razão para a pertinência do seu trabalho. O diálogo entre Bernardo e o universo é tão mais claro quando nos surpreende, ao lhe perguntarmos pelas virtudes plásticas e matéricas da forma como lida com o seu som, instrumentação (pela qual é responsável a quase 100% nos seus discos até hoje) e produção. Fala que o seu jeito de operar as coisas “tem que ver com Debussy e os impressionistas”, com a tentativa de “transpor a mancha [de Monet, e tantos outros] para a música”. “Gajos que viviam para o ofício [a seguir ao século XIX] (...) de uma forma mais descomprometida, experimental”, que tinham “o vício e não o cânone de ser sério, inundando o ofício com o real e o mundano”. 

B Fachada já colaborou com um número e diversidade impressionante de músicos. Fez tarefas de músico e co-produtor com os Diabo na Cruz. Com Walter Benjamin, aprendeu sobre arranjos e trabalho de estúdio. Aproximou-se e colaborou com o centro de operações da Flor Caveira, e Sérgio Godinho cantou consigo a sua música “As canções do Sérgio Godinho”, original de ‘Há Festa na Moradia’, tendo partilhado palco numa actuação conjunta num Cinema São Jorge esgotado no Festival Super Bock em Stock. Fez também produção de vozes no primeiro disco da cantora Márcia, e colaborou com o artista norueguês My Little Pony. Cantou uma marcha revolucionária de Fernando Lopes Graça com Pedro Abrunhosa, no Musicbox, e partilhou um microfone em dueto com Vitorino, acompanhado pelo Real Combo Lisbonense. O seu disco de canções para crianças conta com a colaboração de Lula Pena numa canção composta para a cantora e guitarrista.

LINKS
Bandcamp - http://bfachada.bandcamp.com 
Tó-Zé - http://vimeo.com/33224308
Joana Transmontana - http://vimeo.com/14655381
Zé! - http://vimeo.com/5189389

Os bilhetes encontram-se à venda no Teatro Diogo Bernardes e todas as informações podem ser obtidas pelo telefone 258 900 414 ou pelo email teatrodb@cm-pontedelima.pt.
Recomendamos que confirme toda a informação junto do promotor oficial deste evento. Por favor contacte-nos se detectar que existe alguma informação incorrecta.
Download App iOS
Viral Agenda App
Download App Android