19:00 até às 18:00
Vd = Xmax * Sd, de Pedro Magalhães

Vd = Xmax * Sd, de Pedro Magalhães

25.10 - 30.11.2014
terça - domingo, 14:00-18:00
Vd = Xmax * Sd, de Pedro Magalhães_Cave/Solar 

Pedro Magalhães apresenta na Solar, no âmbito do projeto Cave, a exposição "Vd = Xmax * Sd", que integra uma série de vídeos realizados em concentrações de tuning em diversas partes do país.

"Ghuna X & N204Team" 
A 25 de outubro, durante a abertura da exposição, Ghuna X apresentou uma peça sonora concebida especificamente para o dispositivo automóvel, alimentando a estética associada ao estilo tuning. A Praça José Régio transformou-se num cenário de grande aparato sonoro com alguns veículos personalizados estacionados no local. 

Mais informações: www.curtas.pt/solar

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Vd = Xmax * Sd  de Pedro Magalhães

2014

Em Vd = Xmax * Sd  Pedro Magalhães apresenta uma série de vídeos rodados em concentrações de tuning em diversas partes do país. O tuning é um submundo no qual os automobilistas afinam, modificam e recriam a tecnologia que equipa os seus carros. É uma prática obsessiva e tecnicamente minuciosa que engendra uma estética pseudo-futurista muito própria e que, para muitos, é bastante sedutora. Os NNtunings atravessam as auto-estradas a alta velocidade com máquinas que reluzem, piscam e soam a naves espaciais. Se por umas vezes cortam por entre o trânsito normal a alta velocidade em corridas absurdamente arriscadas, por outras, desfilam pelas marginais a passo lento com o volume dos seus subwoofers no máximo. O trabalho do Pedro tem sistematicamente andado em torno do fetichismo do automóvel e da sexualização da máquina. Muitas das imagens no seu trabalho fazem inevitavelmente pensar em Crash de JG Ballard (que Ballard pretendia ser um romance pornográfico), em vídeos pornográficos feitos por amadores em parques de estacionamento e descampados durante a noite e ressoam muito ao longe na representação misógina da mulher enquanto autómato que os surrealistas tanto reproduziram. Em algumas das suas séries de trabalho anteriores vemos automóveis amaçados e mulheres semi-nuas posando ao lado de carros desportivos de cores garridas. O fetiche da mulher objecto que trata da superfície delicada do carro de corrida é uma imagem recorrente num mundo dominado por homens no qual a masculinidade é medida pela potência do carro e pelas curvas, e lábios vermelhos reluzentes da mulher que vai ao lado. É essa a imagem do homem que domina a máquina que lhe serve de instrumento para cortar a paisagem, e da mulher que aparentemente cultiva uma submissão carregada de potência sexual. Mulher e máquina, ambas idealmente calibradas. Tecnicamente, e boçalmente, calibradas. Calibradas para alimentar o ego de uma masculinidade embrutecida. É esse mundo que o Pedro Magalhães nalguns momentos quase que expõe ao ridículo e noutros quase que eleva ao nível da imagem de ficção científica.

Nesta instalação temos uma série de planos fixos sobre o aparato técnico que compõe o interior dos automóveis nesse mundo ultra fetichizado. Vemos fragmentos, por vezes bastante abstractos, de tabliers, sound-systems, bancos de couro reclinados, bagageiras equipadas com sistemas de leds e máquinas de fumo, projectores de raios laser que reflectem os seus efeitos psicadélicos em interiores de requintado kitsh de rave suburbana. O automóvel é transformado em discoteca e em lugar de histeria nocturna onde se ouve uma música tecno que repercute pelos descampados da margem sul ou por parques de estacionamento esvaziados algures nos arredores de Braga; e vê-se um condutor que dança frenético em cima do tejadilho do seu Honda Civic todo equipado, ao mesmo tempo que o Pedro Magalhães filma o movimento oscilante de uma peça de roupa que foi deixada em cima dos speakers do gigantesco subwoofer que ocupa todo o espaço da mala do carro.

Daniel Barroca
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