23:00 até às 04:00
'Música Com Pés e Cabeça' Rui Vargas (Antena 3, Lux) - Edição Outono

"Música Com Pés e Cabeça" Rui Vargas (Antena 3, Lux) - Edição Outono

Uma residência numa Casa, um melómano num edifício exclusivamente dedicado à música, quatro noites para quatro estações do ano, um programa de rádio que faz, do ambiente vivido com os ouvintes, o seu estúdio. 
Às vezes as coisas têm pés e cabeça e são a sinfonia perfeita e o maestro, acidental, da orquestra da vida.


Bio:
Quando se escreve sobre uma pessoa a propósito do seu trabalho, faz sentido  que não se descubra e que não se diga mais do que aquilo que interessa para perceber esse trabalho. 

O Rui cresceu na cidade de Lisboa e quem cresce numa cidade, cresce muitas horas dentro de casa. Mas daí - tanto como a partir de um sítio aberto ou de um longínquo - pode ver-se o mundo. Daí pode-se, mais ainda,  procurar e pode-se reconhecer, o sítio de onde verdadeiramente se é, a verdade sobre nós mesmos. Mas só se estivermos à procura e isso o Rui estava.

Foi assim que encontrou e, difícil saber como e quando (pode parecer que foi quando deixou o Instituto Superior Técnico, ficando o curso a meio, para se dedicar inteiramente a ouvir, escolher, passar e falar de música mas pode ter sido antes), viu na música o princípio e o grande meio da sua vida.

Fê-lo depois de muitas horas passadas na procurada solidão do seu quarto, onde podia ouvir programas de música na rádio como os do António Sérgio, fê-lo a comprar os discos que podia,  fê-lo num grupo de amigos que a tinha como culto - o grupo de Campo de Ourique onde encontrou o José Pedro Moura - e o culto da música era, nos anos oitenta e naquele grupo, uma ocupação a tempo inteiro; porque a ouviam horas seguidas, porque sabiam o nome das bandas, o nome de cada membro das bandas, as letras, o contexto de cada música, porque conheciam o sofrimento dos artistas, o que, tantas vezes, significava reproduzi-lo.

Foi a música que o levou à rádio, a sua voz profunda, lenta e bonita terá sido uma boa razão para ficar, primeiro na Rádio Universidade Tejo, depois no Correio da Manhã Rádio, Rádio Comercial (“Margem de Certa Maneira”),  Voxx (o inesquecível "Casa, Bateria e Baixo"), Oxigénio e nos ultimos anos na Antena 3 com o "Música Com Pés e Cabeça", programa com horário nas agendas de muitos ouvintes, os que não se conformam com a música do acaso.

Foi também a música que o levou ao Frágil, no Bairro Alto, uma guarida para alguns espíritos inquietos de Lisboa que insistiam em trocar o sono pela vivência de uma verdadeira vida de arte. Foi aí que aprendeu a guiar-lhes os passos, horas a fio, pela pista de dança. Quem lá esteve sabe que o espaço era pequeno mas imenso e a pista de dança também. Foi também aí que esses lisboetas aprenderam a deixar-se guiar, a desligar a mente naquele mantra que exigia, mais que dançar uma música, fazer uma viagem de longo curso. Já estava. Dali para o Lux-Frágil, para os festivais, para as pistas de dança do país e internacionais (sempre com o mesmo agente, Paulo Nery - uma relação de trabalho que se tornou numa relação de lealdade) foi um movimento natural.

Impossível falar do Rui Vargas sem falar do Manuel Reis. Foi no Frágil que se encontraram há vinte e cinco anos e, desde então, o Manel foi um ponto de orientação que o Rui teve sempre presente no seu caminho. Sabe-se que os portugueses faziam, até certa altura, uma navegação de cabotagem - navegavam de forma a nunca perderem a costa de vista. Assim foi: o Rui fixou-se no Lux como dj residente e como programador, Lisboa saiu a ganhar.
Mais que tudo, foi a música que mudou a sua vida e, dessa forma, um bocado a nossa: tirou-nos um engenheiro mecânico e deu-nos um artista. Mas sim foi na do Rui Vargas que essa mudança vingou com mais força e vigor: pegou num rapaz infinitamente tímido e empurrou-o para trás de um microfone e de uma mesa de mistura, sempre para nos tocar.

E falar de quem é muito bom tem este incómodo, há o inevitável momento em que temos que o dizer: o Rui Vargas é mesmo muito bom, é um artista que manteve, ao longo destes anos, um processo criativo rigoroso ligado a uma sensibilidade única que já não é só dele. Foi-nos emprestada, reconhecêmo-la no meio de outras e deixamo-nos lá ficar noite após noite.

E a música dele? É para ouvir, não é para ler.

(Não assinado)


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Warm up: João Semedo (Bar Casa da Música)

10,00€ consumíveis
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