As qualidades camaleónicas de Josh Wink dificultam que se torne num DJ exactamente previsível, o que pode desapontar aqueles que esperam dele nada mais que a linearidade. Parece-nos que o conceito de entrar numa pista de dança não querendo ser desafiado é estranho: o papel do DJ salta a barreira do “entertainer” e, idealmente, abraça também os papéis de educador e divulgador. Com mais de duas décadas de carreira não só atrás dos pratos como em actividades de estúdio, o veteraníssimo Wink continua a encarar os seus públicos com vontade de os espicaçar não só à dança como à descoberta. Com uma boa disposição lendária (é por vezes difícil acreditar nas poucas horas dormidas, num qualquer transfer de aeroporto), quase que o vemos ainda de longas rastas e óculos muito 90s, quando era sinónimo dos sons ácidos e batidas quebradas que se infiltravam globo fora no auge da culture “rave”. E se praticamente cai no lugar-comum relembrar que foi ele o autor de clássicos como “Don’t Laugh” ou “Higher State of Consciousness”, torna-se obrigatório mencionar que esta sua vinda coincide com a celebração dos 20 anos da Ovum, editora que fundou com King Britt e onde já encontraram poiso gigantes como Loco Dice, Levon Vincent ou Ben Klock.
Sempre irrequieto na mesa de mistura e sempre à vontade para se mover entre o techno saltitão, o house mais sujo ou o breakbeat impregnado de heranças hip-hop, Josh Wink faz a ligação entre Filadélfia e Santa Apolónia. “Are you there?”
Texto: Inês Duarte
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