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GREEN RAY*14 | LUX CURATED BY NINA KRAVIZ

GREEN RAY*14 | LUX CURATED BY NINA KRAVIZ

☄ Fred P ☄ Jus Ed  ☄ Luke Hess ☄ Nina Kraviz

NINA KRAVIZ 

Nina Kraviz é uma artista de paixões e palavras intensas. Num meio underground ainda pouco habituado a mulheres independentes e de convicções fortes, as polémicas surgem, mais vezes provocadas por terceiros do que pela própria, mas não deixam esquecer que a paixão maior de Nina é a música. E ela vive-a de forma arrebatada, sem nunca a deixar cair na monotonia da rotina.

Conhecemo-la como DJ, produtora e cantora, mas antes de tudo isso, já Nina era uma fã de curiosidade insaciável pela música e decidida a estar a ela ligada, fosse como fosse. Acumulou conhecimento e cultura musical como escritora e jornalista na sua cidade natal na Sibéria, Irkutsk, por exemplo, e recentemente retomou essa vertente como colunista para a revista germânica Groove. E quando não está a escrever sobre música, a tocá-la num Berghain ou num Awakenings, ou a produzir, é bem provável que a encontrem numa loja de discos, perdida horas a fio no “digging”, em busca daquele disco com o qual vai sentir a conexão intíma e emocional que busca em tudo o que faz. Tudo isto mostra algo que é  talvez o que menos se fala quando se fala de Nina Kraviz, mas no fim de contas é o mais importante, ela é tão fanática como o mais dedicado clubber. Por isso era obrigatório uma Green Ray a si entregue, e as escolhas superaram todas as expectativas. Como alguém disse, "Nina knows", na pista e fora dela, o cartaz prova-o. 

Jus-Ed, que a descobriu, apresentou-a como "the mystery lady from Russia". Anos depois, com novo encontro marcado, sabemos muito mais sobre Nina Kraviz, mas quanto mais sabemos, mais sentimos que o mistério se mantém intacto, e o desejo de o desvendar também. E Nina sabe disso. O encontro está marcado.


FRED P

Há poucas semanas, Joey Anderson, DJ e produtor nova-iorquino parceiro de Fred P, definia o que entendia pela tão usada palavra “deep” : “deep refere-se a uma condição humana de que não falamos. Que guardamos uma eternidade cá dentro até estarmos diante da pessoa certa. Não é algo mundano”. Anderson não estava a falar de Fred P. Mas foi quase como se o estivesse a descrever.

Fred Peterkin tem feito da sua vida e trabalho um exemplo disso, porque nos quase 20 anos que leva na música, praticamente não teve mais onde se apoiar do que expôr o mais profundo de si na sua música e nos seus sets, a quem quisesse ouvir. Entre crises pessoais e profissionais, chegou a abandonar a carreira em troca de trabalhos como segurança, esteve até no desemprego, mas ia produzindo música em casa como terapia e catarse, até que a mesma chegou aos seus anjos protectores, Jus-Ed e Move D, e tudo mudou. Tanto em nome próprio como enquanto Black Jazz Consortium, Fred conseguiu escapar da obscuridade e tornou-se um nome que deixa marcas em todos os que o ouvem. De house orgânico de influências soul e jazz, a techno espartano e narcótico, lançados na sua Soul People Music, na The Corner de Anthony Parasole ou na Mule Electronic, via presenças frequentes no Panorama Bar, entre outros, Fred é um dos mestres da hipnose na música de dança actual e um autêntico banho de classe em cada audição.

Fred é também um dos DJs preferidos de Nina Kraviz. Quase um yin para o yang de Nina. Percebe-se a identificação : ambos buscam uma dimensão escondida da nossa existência, o fascínio do mistério, a beleza na revelação. Fred P será o guia ideal para uma viagem ao centro de nós mesmos.


JUS-ED

Muitas das melhores experiências que vivemos em pistas de dança têm a ver com um sentimento de partilha. De um som, uma experiência, um sentimento. E essa partilha tem de ter como componente essencial a nossa generosidade. Se há alguém que entende o que é partilha e generosidade, asseguramo-vos, é Jus-Ed.

Edward McKeithen anda nisto há mais anos do que muitos de nós temos de vida. Principalmente como DJ, pois a cabine é o seu habitat natural, mas também como editor e produtor. Em todas estas vertentes a generosidade e a boa onda são trave mestra. Na cabine, dá de si o coração todo, parecendo vibrar com cada átomo, a cada mistura e toque de equalizador. A entrega inclui, na boa tradição das warehouse parties dos anos 80 em Connecticut, de onde vem, pegar no microfone e exortar os fiéis à dança e ao sentimento enquanto debita house e techno profundo e envolvente. Na vertente de produção, revela-se na simplicidade e feeling de numerosas produções, em labels como a Mule Musiq ou a Strength Music de DJ Qu, mas principalmente na sua Underground Quality. É aqui principalmente que a sua generosidade se revela, rodeando-se de um grupo de fiéis amigos como Move D (um declarado fanático de Ed), Levon Vincent ou Steffi, e lançando nomes em que acredita como Anton Zap e, claro, Nina “the mystery lady from Russia” Kraviz. 

Amor com amor se paga e Nina não podia esquecer Ed nesta Green Ray. Também ajuda quando Chez Damier, por exemplo, afirma (para incredulidade de Jus-Ed) que ele está no nível mais alto a que um DJ pode aspirar. A isto, Ed apenas responde “eu só quero é passar discos e entreter as pessoas”. E nós estamos prontos a ser entretidos.


LUKE HESS

Crença, convicção, são palavras que definem Luke Hess. Hess acredita que, num mundo que vê cada vez mais superficial, é possível encontrar pessoas reais, e fazer música verdadeira. Acredita que essa música pode ser uma ferramenta fundamental para encontrar significado numa vida que, para ele, ninguém pode realmente conseguir preencher sozinho.

Hess não se acha detentor das respostas, mas quer fazer as perguntas. Perguntas que ecoam desde o início da sua carreira em 2000, a partir da sua Detroit natal, cujas glórias, decadência e renascimento, claramente inspiram-no. E são escutadas por cada vez mais seguidores por todo o mundo e um lote notável dos seus pares. Quando editoras e artistas como Omar S e a sua FXHE (onde Omar não deixa praticamente mais ninguém editar), Carl Craig e a Planet-E, ou a dinamarquesa Echocord, providenciam um palco para essas questões, é caso de ainda mais ouvidos estarem atentos. Esta busca de sentido expressa-se por uma linguagem Detroit-techno de contornos dub na melhor tradição Basic Channel, mas muitas vezes impelida por um groove house puro. Como resultado, dois brilhantes álbuns, “Light In The Dark” (Echocord), e “Keep On” (FXHE), e vários EPs e DJ sets memoráveis. Escutar, por exemplo, “The Best In Detroit”, que produziu como Reference com Brian Kage, é sujeitar-se às sucessivas vagas de arrepios provocadas por uma das mais geniais produções saídas de Detroit nos últimos 5 anos.

A parceria no último EP de Nina Kraviz, “Mr. Jones”, quase justificaria só por si a sua presença nesta Green Ray, não fosse estarmos perante um dos mais refinados produtos de Detroit dos últimos tempos. A música é, para Hess, uma busca espiritual, e ele mesmo afirma, onde há espírito, há liberdade, e onde há liberdade não há limites para o que podemos conseguir. Aceitemos o convite à libertação de Luke Hess.

Textos: Nuno Mendonça
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