DIXON

As passagens de Dixon pelo Lux têm sido abundantes em momentos que, cada vez mais, justificam o seu regresso. Ano após ano, Steffen Berkhahn traz consigo uma reflexão musical do caminho que insiste em traçar, para gáudio dos que procuram na pista de dança uma experiência que alcança para além do óbvio. 
Dixon é o símbolo do veterano sapiente, sem medo de fazer esperar a sua pista ou de a aparentemente confundir um pouco, até que ela própria se encontra consigo e percebe, num momento-chave, tudo o que lhe está a acontecer. Fazendo do House e do Techno pouco mais que conceitos, ora nos faz perder em introspecção melódica, num fruitivo transe hipnótico, ora nos obriga a explodir em êxtase, arrastados por ritmos que abalam não só as paredes, mas o nosso próprio âmago. Misturas longas e doces embalam-nos horas fora, num jogo cru de emoções. Porque, no fundo, não podemos escapar ao que a Música nos desperta.
Na conjunctura actual em que transmissões online e gravações de podcasts parecem ser a norma, é ele próprio quem proíbe a gravação da maioria das suas actuações.  Uma atitude que pode parecer estranha, não fosse a explicação: um “DJ set” faz sentido no contexto em que está inserido. Numa dada dimensão física e com um dado público. Certo é que esta sua vinda será mais um irrepetível momento. Dos que nos fazem caminhar ao longo do Tejo de sorriso nos lábios, já pela manhã, num misto de saciedade e anseio pela próxima. Felizes.
 - Inês Duarte