Felizes acidentes e saudáveis actos tresloucados. É disto que os Exercise One se alimentam para construir o seu som. É costume dizer-se que de médico e louco todos temos um pouco, e o duo berlinense constituído por Ingo Gansera e Marco Freivogel fazem disso um lema que os leva a torcer, antes de quebrar, o cenário techno sério e algo dogmático em que se inserem.
Para os Exercise One, o techno é um veículo em aceleração em direcção ao abismo. Só pela adrenalina de perceberem quando se dá o acidente, para depois pegarem nos cacos e construírem algo novo. Estas novas construções encontram-se espalhadas por labels como a Mobilee de Jennifer Cardini e a Wagon Repair de Mathew Jonson, o que já nos dá uma ideia de ao que vêm, e pela sua própria Exone, entre outras. Um techno propício a vertigens como de quem viaja por um túnel escuro ocasionalmente iluminado a neons e flashes de strobes. Pelo caminho, além do referido Jonson, encontramos outros ilustres colaboradores e remixers como Donato Dozzy, Lee Burridge ou Ewan Pearson e luminárias recentes como Sigha, Deadbeat e Peter Van Hoesen. Pois é, a atitude descomprometida mas investida dos Exercise One faz amigos, mas sem talento pouco os veriam como mais que bons malandros.
O atrevimento dos Exercise One acaba de celebrar 10 anos e o Lux junta-se à festa, para um live-act cheio de maquinaria a produzir acidentes felizes, os quais um aturado trabalho de corte e costura normalmente ftransformam em disco da dupla, com resultados como o recente álbum “Tales Of Ordinary Madness”. O encontro dos loucos de Berlim com os loucos de Lisboa é aqui.
- Nuno Mendonça
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