A precisão dos relógios suíços é de fama mundial. Pensados até ao ínfimo pormenor, são maravilhas da execução humana e símbolos da simbiose e co-dependência homem-máquina. Também dos Alpes nos chega Deetron, e como bom filho da terra incorpora o mesmo espírito: o da precisão, mas também o da libertação criativa. Bebeu de Detroit o Techno, qual engrenagem a tornar-se música, e apresenta-o na sua proposta melódica sempre evidente, continuando a tradição da Motor City aqui mesmo na Europa e relembrando que no Velho Continente nem todo o género se mutou para uma massa abstracta.
Veterano DJ e produtor, com colaborações que vão desde DJ Bone a Seth Troxler, Deetron mostra-nos que entre o Techno e o House há um caminho onde se brilha jogando mais em jeito do que em força, preservando groove e tendo, orgulhosamente, uma alma quente por detrás de cada disco. Servido pela sua lendária aptidão técnica (tal como muitos outros ícones, também ele vem da escola do Hip-Hop e continua a usar maioritariamente vinil), faz-nos cativos na pista desde o primeiro tema e conduz a noite com misturas enérgicas que nos deixam a ansiar por mais, sem problemas em surpreender com escolhas que primeiro se estranham, depois se entranham. É hora de nos encontrarmos com ele e entrarmos no seu engenho, aqui mesmo na disco do Lux.
- Inês Duarte
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