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NOITE DYSTOPIAN com RØDHÅD | RECONDITE | ALEX.DO

NOITE DYSTOPIAN com RØDHÅD | RECONDITE | ALEX.DO

Dystopian

É verdade que o nome Dystopian nos remete para um imaginário agreste e pouco hospitaleiro. Uma sociedade industrial, dominada pela tecnologia, arquitectura brutalista pintada a negro e tons de cinzento, ruído de mecanismos e o ser humano quase subjugado por tudo isto. E os operários da maquinaria Dystopian não renegam em momento algum, na sua música, o fascínio por esta imagética. Mas Rødhåd, Recondite, Alex.Do, Felix K e Don Williams, sabem perfeitamente que a luz necessita da escuridão para brilhar com mais fulgor. Que a melhor via para ver essa luz por entre o fumo das fábricas, e para a libertação da alma humana das correntes da sociedade, é a música. E é esta música e mensagem que sai cada vez mais aperfeiçoada das suas linhas de produção e é cada vez escutada e apreendida por mais resistentes contra a máquina. De pequena série de festas Berlinenses alternativas ao Berghain, a Dystopian tornou-se uma das mais poderosas forças do techno em 2014. Produzindo ou tocando discos, em torno de um techno directo, duro, mas de uma melancolia e efervescência bem humanas, estes 5 nomes são agora fundamentais no dar corpo às noites longas e negras perdidas em armazéns e clubs da sociedade distópica das suas visões. Esta noite no Lux é a nossa vez de confrontarmos a nossa alma com a máquina.


RØDHÅD

O “verdadeiro techno viking”, chamámos-lhe nós por ocasião da sua primeira visita a Santa Apolónia, numa noite RUSH de boa memória, em 2013. E de facto, os resultados produzidos na pista do Lux nessa noite, não foram muito diferentes dos que associamos a uma invasão viking de outros séculos: corpos ardentes da energia da dança, corações raptados pelo poder e carisma deste ruivo cheio de alma. Sobreviveram as memórias de uma devastação gloriosa : incontáveis cigarros fumados na cabine, um punho erguido assertivamente para o céu como quem reinvidica por todos nós o direito à festa, um sorriso de uma espécie de sadismo charmoso, se tal é possível. De lá para cá, a ascensão do berlinense vermelho nas preferências dos techno-heads portugueses foi meteórica. Em todos os sentidos : rápida, fulgurante, impactante. Tem sido assim em todo o mundo. Não sabemos se é por isso que o seu último EP (na Dystopian, claro) se chama Red Rising, mas se fôr, ajusta-se que nem uma luva ao percurso de Rødhåd. Para os incautos, explique-se a receita : techno puro, refinado e destilado à sua essência. A banda sonora perfeita para o ritmo da civilização ocidental, segundo o próprio. E para mais uma madrugada ao rubro na pista do Lux, afirmamos nós. 


Recondite

Se a imagética Dystopian nos remete essencialmente para espaços urbanos e industriais, Recondite está para ela como o seu lado mais bucólico e orgânico. Inserida no contexto da editora, imagine-se a música de Recondite como uma árvore exuberante ou musgo verdejante, que desponta nas rachas no pavimento de uma cidade abandonada em tempos pós apocalípticos. Como lembranças de que a mãe-natureza e o espírito humano no seu mais simbiótico, tudo podem superar. Este tipo de dualidade é assumida pelo próprio Recondite, um berlinense seduzido pela atmosfera das florestas que rodeiam a cidade e adepto de retiros espirituais na natureza, fervoroso praticante de um estilo de vida saudável (é personal trainer de Scuba, por exemplo). Desde os seus primeiros EPs na sua Plangent e até da sua primeira actuação no Lux para cá nota-se, no entanto, um progressivo fascínio com o mistério da cidade cinzenta e maquinal, e o seu techno, mantendo-se emocional e com um sentido de melodia e leveza de toque característicos (ainda presentes no recente EP na Innervisions de Dixon), endureceu, e alguma da ingenuidade quase infantil foi progressivamente ganhando tons mais sinistros e assombrados. O novo EP Nadsat (Dystopian) é o culminar do processo. Aço e ácido, envoltos em nervo e músculo humanos, Recondite regressa ao Lux na mais perfeita versão de si mesmo.


Alex.Do

Se o mundo Dystopian desse um filme (muito provavelmente decorrido numa espécie de Gotham em ruínas), Rødhåd seria certamente colocado como o mentor e líder do bando de resistentes contra a Máquina, e Alex.Do seria o benjamim do grupo, o seu aprendiz e protegido, cuja aparência pacífica e quase imberbe esconde uma essência no mínimo tão rebelde e audaz como a do “chefe de fila”. Um jovem cujas batalhas no universo distópico fizeram crescer mais rápido que o normal, e o calejaram ao ponto de, sozinho, ser capaz de terraplanar uma pista de dança com a mesma potência que o “barba ruiva”. O Lux já testemunhou isso mesmo e portanto, o regresso deste “babyface killer” era mandatório. Mas é um regresso com um arsenal exponencialmente aumentado face à estreia. Nessa altura, a sua já apreciável reputação cimentava-se ainda apenas na sua invulgar habilidade como DJ, mas desde então, Alex lançou-se na produção (sempre na Dystopian) com a faixa “Concrete” (nome bem adequado ao seu impacto) no EP “Béton Brut” e já com o EP “Stalker” a sair da fornalha. Alex.Do assume assim de vez o seu papel no guião ditado pela Dystopian, o de perseguidor e predador de almas na pista de dança. E as suas próximas presas, estão no Lux. Sem escape, nada mais resta que a entrega por completo.

Textos: Nuno Mendonça
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